2020

Almejo um ano de Paz. De aprender as vantagens do silêncio. De vestir mais vezes de branco. De aprender a ser mãe. De ficar mais bonita. De trabalhar muito, sem desanimar. De equilíbrio. De valentia. De conquistas e vitórias. De ver as minhas pessoas bem. De ouvir mais histórias que salvam o mundo. De Amor, aconteça o que acontecer, sempre de Amor.
Quando a médica me confidenciou que chegou a pensar que eu não chegaria a esta fase da gravidez, e que já passei por tanto que agora já só tudo me pode correr bem, tive medo.
Medo pela Maria, pelo pai dela, por mim, pelas avós, pela minha médica que tem sido ao longo de todo este processo uma verdadeira amiga, medo por todas as pessoas sinceras que nos rodeiam e torcem tanto por nós.
Medo das surpresas, medo de não estar à altura dos desafios. Pavor de a perder, agora, depois de já conhecer aspectos da personalidade dela como mais ninguém conhece na vida, nem exame algum médico. Medo de ter que voltar ao mundo de mãos vazias. Medo do estado em que possa ficar depois do parto, ela vai precisar de mim.
(...)
Das sensações mais extraordinárias é que desde que estou grávida que me sinto especialmente protegida por ela, a minha filha. Isto nunca saberei explicar.

Dezembro a terminar

Como é que eu sei que algo cá dentro já deixou de ser uma gravidez sossegada e passou a estar em movimento para o grande dia? Sei. É uma coisa tão física, não tenho como explicar.
Ando cá sozinha com os meus botões, a lidar com os medos; de repente parece que me vieram todos visitar e nem me lembra o Natal e só me apetece chorar.
Hoje particularmente - acho que pelo acumular de noites mal dormidas - sinto-me cansada. Ando meio frágil, como as feridas mal curadas, que ao mínimo toque sangram de novo.

Quase Natal

Acho que é assim sempre que estou longe de ti, mãe. O meu Natal é um quase Natal. Talvez com a chegada da Maria eu consiga mudar isso, talvez.
De alguma forma tu serás sempre o meu Natal, a minha imagem perfeita desta quadra, de alguém que heroicamente monta a mesa para tantos, que tempera cabrito e prepara o forno às seis horas da manhã, que enfeita a árvore de Natal com mais de quinhentas bolas e desenrola uma por uma de um papel branco como quem passeia os dedos por contas de um rosário, que procura o melhor bacalhau e faz as melhores doçarias como se fosse receber o Rei lá em casa, que na hora de abrir os presentes te transformas em mais uma criança no meio dos teus netos. Acho que nunca te disse Obrigado por essa imagem tão bonita. Certamente será a base para os Natais que um dia irei preparar para a a nossa Maria.
(...)

Domingar à quarta-feira



Tão bom.
Gostava muito, mesmo, que todas as grávidas do mundo pudessem viver esta experiência com a mesma plenitude, com a mesma sorte, com a mesma rectaguarda, o mesmo Amor imenso que me tem tocado a mim.
É uma experiência tão grande, tão intensa, que às vezes paro para pensar em quem viveu isto sem ter nada, nenhum tido de apoio, nenhum pingo de amor, nenhuma expectativa sobre um futuro. Ou naquelas pessoas que perseguem este sonho sem o alcançar, nos seus dramas maiores e de como tudo é sempre tão difícil para alguns.
Nesses momentos esqueço-me dos móveis que não chegaram, da minha conta bancária inadequada a imprevistos maiores, das noites mal dormidas.
Ainda que eu não saiba nem possa prever o que me reserva o futuro, até aqui o percurso tem sido abençoado. Aconteça o que acontecer, não me quero esquecer destes dias tão felizes.
Ás vezes na vida basta pararmos e reflectirmos, que logo nos daremos conta do quão gratos devemos estar. Em silêncio, nem sequer pedir mais.
Só agradecer.
(...)

Pedidos ao Universo


Partilhado pela Sofia do às nove no meu blog, na sua Love letter #58

Que sejas uma menina boa, Maria.
Mais do que de pessoas inteligentes, o mundo precisa de pessoas boas.

Ultima aula de preparação para o parto

Foi hoje.
E foi tão grande a intensidade emocional, que não consegui conter as lágrimas.
Está na hora de me começar a despedir da minha barriguinha de grávida, da minha menina aqui dentro protegida de tudo e de todos. Estou ansiosa por olhar para ela mas certamente algum dia sentirei saudades deste tempo.
Partilhamos receios, tiramos duvidas e mais uma vez que excelente classe de enfermeiras tive a sorte de encontrar no caminho até hoje. São profissionais que sem duvida se diferenciam pelo trato humano, pela proximidade que criam connosco, pela disponibilidade e compreensão.
Nesta ultima aula percebi que estávamos apenas metade do grupo inicial, possivelmente alguns bebés já nasceram. Embora hoje tenhamos falado também no imprevisível e no facto de a equipa clínica não bastar para garantir que tudo vai correr bem, quando chegar o momento quero ir para o parto Feliz e na expectativa do melhor. Hoje pela primeira vez tive um pensamento que me partiu ao meio: se a Maria não viver, eu também não quero cá ficar. É um bocadinho forte, mas foi assim limpo e claro que me veio à mente. Nem consigo dizer mais nada sobre isto.

"Nunca tive a minha casa tão limpa e arrumada como agora."

Parece que afinal não é paranóia só minha, ouvi algumas grávidas dizerem esta frase, entre risos de compreensão mutua. E fiquei triste, porque o quarto continua sem chegar e agora já avançam para os dias antes do Natal e eu penso que por causa disso nem sequer vou ser eu a arrumar o quartinho da minha filha, e só me apetece chorar.
Sou eu sempre a querer controlar tudo, e é a Vida a rir de mim e a obrigar-me a relativizar a importância de tanta coisa.
(...)

Sobre as pedras, os fantasmas, as sombras

Ao contrário do poeta, não construí um castelo com as pedras do meu caminho. Decidi antes que não há lugar para elas, deixo-as amorfas, mortas, sem função nem memória. Disse a mim mesma que aconteça o que acontecer, eu não tropeço duas vezes na mesma pedra.
Eu não.
(...)

L.



You are the magician

Em breve, saberei

Ontem ouvi alguém dizer que sobre as dores do parto, são indescritíveis. Por serem muito mais do que uma questão física. Dizia ela que parimos algo desde as entranhas, desde a alma, e que portanto é impossível descrever a verdadeira intensidade dolorosa e emocional do momento.
Saber que é um momento também de dor e choque para o bebé, faz com que de alguma forma a preocupação com a minha própria dor seja relativizada para um segundo plano; e pode bem acontecer que este pensamento só seja válido até de facto sentir as dores atrozes. Não sei, todas as fases da gravidez têm sido até aqui, de constante aprendizagem. Sobre os meus limites, sobre as minhas fraquezas, sobre as minhas forças.
Diz a ciência que se os homens pudessem dar à luz, 99% morreria no parto apenas pela intensidade emocional, imaginem se lhe acrescemos a dor. Acredito bem que sim. Cá em casa às vezes discutimos questões como a episiotemia e o pai da Maria encara tudo com uma naturalidade tão grande que me faz sentir uma cagarolaszita. Mas depois falo-lhe à bruta numa tesourada nos testículos e ele até se encolhe. E eu rio, rio muito. Percebo que a natureza não fez isto para eles, fez para nós. A valentia de diante de terceiros soltar todas as nossas misérias cá para fora, xixis e cocós, de entre lágrimas e gritos e odores nauseabundos sermos absolutamente bichos nesse instante, provoca por si só a confirmação de uma descoberta que nem todos fazem na vida:
Somos sem duvida, muito mais fortes do que pensamos.
A magia mesmo, acontece logo a seguir ao momento tão traumático. Todas as mães contam o mesmo: quando olham para o seu bebé pela primeira vez, todas as dores passam imediatamente para um segundo plano, porque há uma alegria imensa que toma conta de nós inteiras.
Coisa mais bonita e transcendente.

Lugares que curam

 


Ontem, logo após uns exames médicos mesmo ali ao lado, dei um saltinho ao Palácio de Cristal. Fiz uma caminhada a sós com a minha Maria. Cantei para ela, aproveitamos o sol, enchemos-nos daquela paz tão boa que acontece entre o arvoredo, as camélias, os pássaros e o rio. Mostrei-lhe o jardim dos sentimentos, lugar onde eu e o pai namoramos muito há vinte anos atrás. E depois fiz uma coisa que não fazia há anos, sentei-me num banco de jardim a ver a gente passar.
Estávamos mesmo a precisar de um dia assim reconfortante.

Com 38 semanas de gravidez

Cavalheiros! Acreditem que as vossas senhoras têm, a esta altura, verdadeiras preocupações em mente. Só a hora do parto e se o bebé nasce saudável, já chegam para que a mente esteja totalmente concentrada em aspectos bem mais sérios do que relações sexuais satisfatórias.
Tudo é permitido e tudo é saudável quando em vista está o prazer a dois, a partilha. Mas acredito que são muito poucas as mulheres que em vésperas de dar à luz, sentem prazer e estão igualmente dispostas como em fases anteriores. Se nem para dormir encontramos posições confortáveis, quanto mais para acrobacias com uma barriga enorme pelo meio e com um bebé que já se mexe muito a sério. Acredito em muita vontade de satisfazer o companheiro, mas desconfio um pouco dessa conversa de que na eminência do parto, com todo o desconforto físico normal que já se sente, a libido esteja no auge.
Por mais que as relações sexuais sejam até aconselhadas numa fase final da gravidez, cada uma de nós é por esta altura um turbilhão emocional e físico muito particular.
Este post não é nenhum sermão - quem sou eu. Vem na sequência de uma situação triste a que assisti na semana passada, nas aulas de preparação para o parto, que não vou relatar aqui por respeito à privacidade alheia.
Por isso:
Homens não forcem, mulheres não se anulem se não vos apetece. Se acontecer que seja só plenamente bom para ambos; se não, não vale.

Out of Africa

O meu filme preferido, a minha banda sonora de eleição.
Há uma passagem em que a baronesa Karen tenta conter a água das chuvas com a construção de um dique. No entanto a força da água é tal, que contra todos os esforços da equipa, a água rebenta o dique e corre selvagem pela terra fora. E a baronesa, cansada e vencida, diz:
- Let it go. This water lives in Mombasa anyway.
Cá em casa continuamos à espera dos móveis. Há mais duas ou três coisas que também ainda não estão resolvidas. Aquela ideia de fazer um chá com as amigas para lhes mostrar o quarto pronto, já está fora de questão. Com a arrumação feita ficará pronto já muito em cima do Natal, e eu confesso que me sinto cada vez menos disponível para qualquer tipo de compromisso.
Assim, os meus planos de estar tudo pronto a esta altura, não acontecem. E eu, tal como a baronesa Karen naquela passagem do filme tão forte para mim, baixo os braços vencida e penso Seja o que Deus quiser. E digo-o com serenidade, porque preciso mesmo de que a minha paz seja inabalável neste momento.
(...)
Dias envolta em misticismo, com a minha espiritualidade desperta, com todo o meu corpo e alma a trabalharem a chegada desta coisa nova tão forte que se chama instinto maternal.
Um bocadinho mais calma. Afinal a vida vai cumprir os tempos certos, não os meus tempos. E os medos e as angustias são pesos demasiado grandes para carregar a tempo inteiro.

Razões

A bebé que nasceu com 27 semanas num cabeleireiro, faleceu ontem. Crash boom bang! mais uma noticia triste. Ninguém consegue perceber o quanto estas coisas mexem comigo, o quanto fico a panicar por dentro, desconcentrada a fazer cada vez menos o que me tinha proposto. No pico desta emoção, aparece a péssima sensação de que entro em modo give up em relação a todas as coisas que ainda não estão prontas. Deixar tudo como está, e que se lixe. Não me cansar, simplesmente.
É um bom dia para começar a usar as minhas estratégias mais internas, preciso de rezar senão sufoco. E de chorar sozinha, com a minha vela branca acesa à Virgem Maria. Preciso de muito silêncio e de não me importar com nada nem ninguém. Está a chegar a minha hora, e do que eu tenho medo não é das dores do parto.
Queria o colo da minha mãe, só ela e as mãos dela em mim, me poderiam acalmar hoje.
(...)

Socorro



Há uns bons anos que escuto esta musica quando estou realmente aborrecida, chateada, contrariada. Costumava ser um bom exercício em dias em que o trabalho não corria bem. Acho que é a primeira vez que a escuto num contexto out of work. Mas sabe bem, ajuda a soltar o grito cá dentro; e a julgar pelo quanto a Maria se mexe ao ouvi-la, desconfio que também gosta OMG espero que não herde a mesma neura da mãe!.
Hoje apetece-me fugir, literalmente.

O descalabro

Aqui a tentar lidar com o caos instalado à minha volta, muita vontade de chorar e com algumas lágrimas a saltarem cá para fora sem que eu controle.
Está tão próximo. E eu penso muito em todas as possibilidades, angustio-me e sinto medo - esse palavrão que tanto detesto e que não combina nada comigo.
O telefone que não pára e eu a precisar tanto de tempo e descanso. Tudo o que faço é em câmara lenta e parece que não vejo nada finalmente feito. Ando irritada e um bocadinho insuportável.
Só os dias têm estado airosos de tal forma que posso abrir as janelas de par em par e arejar esta casa, como um sinal de que os anjos me hão-de ajudar a cumprir o que tenho estipulado.
Não é uma fase da minha vida em que eu espere compreensão. Afinal estou em estado de graça, tenho tudo para estar feliz, tenho sido mimada em excesso. Mas cá dentro, só eu sei como estou e só eu entendo as razões para este conflito interior.
Vem aí a minha bebé. Quero a casa preparada como deve ser para a chegada dela é pedir muito?, quero-me a mim calma e descansada para me concentrar só neste momento.
(...)


Goiabas

Douradas pelo Sol da minha terra; o maior presente.
O meu fruto preferido; o ambientador natural certo, espalhado pela casa.
Chegaram-me de Angola, cheias de uma tal generosidade, numa fase da minha gravidez em que me deliciam completamente.
No leque dos desejos mais marcantes, a juntar aos eclaires e às torradas com muita manteiga, já fazem parte da história da Maria.

Oração para todos os dias



Poderosa.

L.

Estamos no oitavo mês, a alimentar e fazer crescer com todo o cuidado a nossa sementinha-milagre. E sabes, às vezes ainda me belisco e fecho os olhos só para abri-los e ver que é verdade, que tudo isto nos está mesmo a acontecer. Que vivemos juntos uma Paz muito maior do que pensei alguma vez existir, que somos guerreiros armados um pelo outro, que sabemos rir juntos - da vida e de nós mesmos -, que nos encontramos um dia ainda no coração da juventude e que estamos a ter a imensa sorte de estarmos juntos de novo no cume da idade adulta já a conseguir perceber os primeiros sinais da idade que avança, que somos Amigos e queremos com toda a alma e coração ser pais. Continuo a olhar para ti todos os dias e a sentir um Amor imenso. A estar tão grata pela generosidade da Vida, com a certeza de que todo o Bem que fizermos daqui em diante, será sempre insuficiente para pagarmos o tanto que nos tem sido dado.
(...)
És tu meu amor a minha sorte grande, a minha Casa no mundo.

Dezembro



Desconfio que este vai mesmo passar a ser o mês mais bonito do meu ano.
Temos o Natal que é a festa da Família; em Dezembro nasceu o meu Amor e a minha mãe e tenho para mim que vai nascer também a Maria. É neste mês que costumo fazer o balanço do ano que termina, e me preparo - a casa e o coração - para estrear um novo ano.
Hoje é dia 2 e lá fora há um céu azul do mais generoso que vi, e um Sol vivo que logo de manhã fiz questão que me entrasse pela casa adentro para nos encher de Luz. Adoro estes dias assim, são os mais bonitos do ano e quando acontecem em Dezembro sabem mesmo a magia.
Na nossa árvore surgem as primeiras lembrancinhas - muito modestas - mas cheias do melhor amor que há nas nossas intenções. Nada de compras no Black Friday nem visitas aos centros comerciais, tenho optado pelas lojas de proximidade ou que me ficam no caminho quando tenho alguma consulta médica.
Os móveis ainda não chegaram e a casa está meio caótica. Espero ter tempo de deixar tudo em ordem antes do grande momento da minha Vida. Gostava de viver este mês com mais calma, de poder descansar ainda antes do grande dia, de tomar banhos demorados e dormir longas sestas, de fazer duas ou três pequenas caminhadas por onde haja muitas camélias, de organizar uma bonita banda sonora para mim e para a Maria, de cuidar fundamentalmente de mim porque estarei a cuidar dela, de começar a ler um livro novo para terminar só depois dela chegar, de rever com calma todas as coisas fantásticas que a minha filha já fez por mim - agradecer - e preparar-me para a nova pessoa que serei quando nascer com ela.
Vem aí a profissão mais exigente de todas, a maior e mais importante escola que hei-de frequentar.


No was her name
No was the lion that no one could tame
But Faith was his name
Faith came around with a smile on his face
Imagem da Web

Não tem sido uma semana emocionalmente estável, apesar de haver tanta coisa boa para registar numa espécie de checklist de Novembro quase quase cumprida. A Maria evolui bem, já temos quase 2kg de gente e começa cá dentro um nervoso miudinho e uma ansiedade boa por tê-la logo nos meus braços, olhar para ela, cheirá-la como o mais primitivo dos instintos humanos.
O quarto está finalmente pintado. As malas para levar para a maternidade estão prontas. Falta chegarem os móveis e finalizarmos este processo de véspera dos dias mais felizes das nossas vidas.
Também já colocamos a nossa tão simples decoração de Natal cá em casa, mas ainda não sinto o espírito. Zero compras de Natal feitas, zero vontade.
Fiquei um bocadinho abalada com aquela mãe - mais uma - que perdeu a bebé às quarenta semanas. Por mais que as pessoas me digam não vejas essas coisas, é inevitável e nem eu quero proteger-me numa redoma que não me conte o que acontece na vida real:
Todos os dias acontecem coisas que não acontecem todos os dias.
Depois este tempo cinzento sem dar tréguas, húmido, frio, aqui fechada em casa, não tem contribuído para grandes animos. Novembro foi sempre um mês de muda de pele. Fico introspectiva, peso o meu ano e tal como a semente no Inverno, fico mais quieta à espera de ganhar força.
(...)

Pessoas Sol

Desatar laços. Confesso que algumas vezes me causou desconforto na alma. Fica ali um hiato, como se a vida se dividisse em duas.
Pessoas que fizeram parte de nós, da nossa história, que acompanharam a par e passo as quedas e os altares. E que um dia, por alguma razão, deixaram de fazer sentido ao nosso lado.
Esta foi uma semana-chave, de encontros-desencontros, em que a vida me veio justificar a razão de ter sido assim. Sem mágoas, sem mal querer, com gratidão pelo que foi. Não deixar que fique um vazio no lugar daquela pessoa, preencher esse espaço com pessoas Sol, aquelas que são leves, que nos acrescentam riso e luz aos dias.
E perceber que a vida se constrói a sério com novas edificações, com o derrubar de muralhas frágeis para erguer muralhas novas mais robustas. Sem julgamentos porque eu não calcei os sapatos alheios nem ninguém calçou os meus. Mas com uma paz interior imensa, para deixar ir tudo o que não era para ficar.
Agora que estou finalmente em vésperas de ser mãe, percebo que é assim mesmo que eu quero viver a Vida: cada vez mais, sem culpas, a saber escolher muito bem quem quero que pertença ao meu mundo.
(...)

Natal



Dos anúncios mais bonitos e inteligentes que vi nos últimos tempos.
Direitinho ao coração.

Caro Presidente Marcelo

Antes de mais, que fique bem claro que gosto muito de si. Tenho a certeza de que é uma figura irrepetivel na História do povo português.

Esta semana veio a publico que no Natal apenas compra um presente, no máximo até dez euros. Que se reúne com os filhos e netos e fazem a tão simbólica troca, na qual cada pessoa vai ganhar apenas um presente.
Quem me dera fazer isso, dava cá um jeito financeiramente. Mas não sou capaz.
À conversa cá em casa, o meu Luís louvou-lhe a intenção de mostrar aos portugueses que há muitas formas de se viver o Natal, que não é necessário o consumismo desenfreado que se vive nesta época e que o essencial mesmo é estarmos juntos. Tudo muito bonito senhor Presidente, obrigado pela mensagem numa altura em que as pessoas perdem a cabeça e se endividam cada vez mais.
Mas sabe, existem de facto muitas formas possíveis de se viver o Natal. Quando eu era miúda, em nossa casa chegamos a passar um Natal apenas com uma sopa e sem um único presente para quem quer que fosse, essa forma certamente não iria o senhor dar como exemplo entre as tantas possíveis. De tal modo que a minha mãe, talvez pelo trauma de já o ter vivido, vive hoje o Natal com uma espécie de euforia, e mima os filhos e os netos com alguma anormalidade. Mas ela não é melhor nem pior do que ninguém. Ela apenas vive conforme as experiências de vida dela. E eu estou-lhe imensamente grata, pelos Natais mais pobres e pelos melhores também. Porque penso que graças a isso, eu fiquei no meio termo: nem gasto fortunas nem uso os trocos no fundo do bolso.
Concordo consigo que cada vez nos fica menos bem o consumismo. Mas hei-de sempre sentir-me feliz se puder mimar com um presente melhor quem mais amo, e a acontecer faz tanto sentido que seja no Natal.
Outra coisa. Muito provavelmente os seus filhos e netos já ganham presentes ao longo do ano e da vida nada simbólicos comparados com os do português comum. Por isso deixe-nos viver esta quadra sem culpas nem sentimentos de inferioridade.
O Natal mais feliz acontece em muitas casas, de muitas maneiras diferentes.

Sobre a educação que lhe vamos dar

Não gosto de ver pais e mães beijarem os filhos na boca. É algo que faz lindas fotos, que até mesmo as figuras publicas promovem, mas que nem eu nem o pai da Maria iremos fazer.
No tempo em que ainda dava consultas de Psicologia, tive algumas situações rocambolescas que me fizeram ter a certeza que esse é um comportamento que apenas desprotege as crianças.


Não quis falar nisso no dia do meu aniversário, mas fez dois anos.
Dois anos que eu perdi a nossa primeira sementinha. A que sem vingar, também me marcou para sempre. Depois perderam-se mais duas, para ficar a Maria.
(...)

41

Meu aniversário.
Dia pleno, cheio de momentos bonitos e pessoas generosas.
Hoje visitei a sala de partos e o bloco operatório.
Exausta mas feliz, muito feliz.

A vida feita de decisões



(re)Nascer, aos sessenta.
E depois disso, ganhar ainda um Prémio Nobel da Literatura.

A Casa de José Saramago, Lanzarote del mar













Visitante 107.

O quarto da Maria

O caos. Ainda não está completamente pintado, ainda aguardamos pela chegada dos móveis.
Entretanto compramos apenas duas peças decorativas, que vão ser estrela.
Uma kinda, na Zara Home. É um elemento que lembra África, que é manufacturado e além de decorativo tem utilidade para guardar meias ou brinquedos.
Uma peça de autor, única, que vi exposta numa galeria em Miguel Bombarda. O cometa do Principezinho, onde também não faltam a rosa e a raposa. É algo muito pessoal, que faz parte da minha história com o pai dela. Uma espécie de nosso retrato de Família, em que o pai é o Principezinho, eu a raposa e ela a nossa rosa.

Qual ave Fénix

José Mourinho.
Deve ser a personalidade portuguesa do mundo do Desporto que mais admiro. E de todos os jogadores da actualidade, o Bruno Fernandes parece-me o verdadeiro diamante por lapidar.
Seria muito bom vê-los juntos numa nova época dourada para ambos.


Close your eyes
Count to ten
You'll be fine
Take my hand

I got you
And you got me
Like the colors got the blue
I got you
And you got me
Like the numbers got the two

O nosso mundo

Vai como um velhinho cansado.
Nos últimos tempos pululam as noticias trágicas, toda a gente parece trazer o seu demónio particular à solta, a simplicidade e os valores deixam de valer, a ambição geral assusta, o consumismo e a prepotência dominam, pouco se luta e muito se mendiga.
Somos nós. Que estamos a viver à toa, sempre imediatamente prontos para o conflito seja ele qual for, numa exasperante pobreza mental geral.
Eu própria me sinto cada vez mais intolerante, menos disponível. E é precisamente agora que vou ser mãe, que percebo que devo contrariar isso em mim. Um mundo melhor não se faz da sorte, faz-se dos bocadinhos de todos os dias, tecidos por cada um de nós.
(...)
Fico azeda com as calinadas dos últimos tempos da Justiça em Portugal. E com a morte lenta do andor da Saúde. No outro dia vi o Presidente Marcelo reforçar a necessidade do apoio aos sem-abrigo e que hipócritas somos, há mais de uma década que deixei de trabalhar com esta população e já a conversa era esta. Deve dar imenso jeito a muita gente que continue a ser.
Do outro lado do mundo, arde a Austrália. Crash boom bang, nem quero comentar.
As pateiras carregadas de gente que se faz ao mar em barquinhos de plástico, continuam a chegar: em apenas dois dias chegaram quase cem pessoas, incluindo crianças e bebés, à minúscula ilha onde residem os meus pais. E outras questões tão altas e relevantes quanto a solidariedade levantam-se; mas é preciso ter coragem para as saber discutir.
Paralelamente anunciam que na China surgiram três casos de peste negra e eu só consigo pensar que em Lisboa aconteceu há quase quinhentos anos!
O lado menos sinistro e ao mesmo tempo mais dramático da coisa, é que só trazendo uma Ébola para a Europa, se consegue uma vacina. Tremendos dilemas deste mundo à deriva. A falta de frontalidade e de acção vai levar-nos a todos, muito em breve, a alguma epidemia mundial. Pobre velhinho cansado, um mundo onde nos parecemos tanto com a fruta injectada: doentes por dentro e suspeitos por fora.

Os filhos são uma carta fechada

Ouvi a minha avó repetir esta frase vezes sem conta, depois a minha mãe. A cada desgosto ou contrariedade, sobretudo.
Procuro ter alguma cautela com sonhos e expectativas em relação à Maria. Quero que nasça perfeita e com saúde, e que depois cresça em segurança e com paz. Para ser uma criança calma, com energia mas calma. Para poder ser uma menina boa, e este é o meu maior desejo para ela. Quero que aprenda a sorrir, a ser simpática com os outros. Que não destrua os brinquedos e os livros, que eu tenha a devida paciência e sabedoria para ensiná-la.
Depois disto, a Maria vai crescer e vai ser o que ela quiser ser. Depois de a preparar a ela, chegará o tempo de ter que me preparar a mim.

Uma vida a dois

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Mais do que tudo, temos sido companheiros.
Há dias como o de ontem, em que toda eu pareço uma bomba relógio. Ele enche-se de paciência, de silêncio, e fica quieto a ouvir-me suspirar saturada cinquenta e sete vezes seguidas. Mas é sobretudo quando me abraça, ás vezes só na manhã do dia seguinte, que eu volto a sentir que está tudo bem, que os dias não vão ruir, que o bicho papão do medo não me vai engolir, que aquele colo é a minha casa sagrada no mundo.
Há outros dias em que ele diz alto o que pensa e pensamentos de Peter Pan num homem de quase 42, fazem-me tremer as bases. Mas é justo aí, no ponto dos nossos cansaços e fragilidades, que sabemos exactamente o quanto nos amamos.
Juntos, estamos prontos. Para o destino, para a sorte e para o azar.
(...)

Eu sei

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E as pessoas, sobretudo as ex-grávidas actuais mamãs, dizem-me muitas vezes sem dó nem piedade. Que estou boring, que passo os dias fechada em casa, que assim a Maria vai ser uma enjoadinha.
A maior parte dessas ex-grávidas não o foi aos 41 como eu, sem que isso seja desculpa para nada. E depois é aquela velha historia dos sapatos quando nos apertam, é exclusivamente a nós que magoam. Eu sei das minhas limitações, sei como fico exausta com muito pouco, sei que acabei de curar uma gripe e não quero apanhar outra, sei que o parto está próximo e devo repousar o mais possível pois vai ser um momento de extremo dispêndio de energia.
Quando ela nascer, talvez por uns tempos as coisas acentuem ainda mais, porque eu vou querer dedicar-me exclusivamente a ser mãe.
E só então depois, passando esta fase, terei a vida inteira para o resto. Por isso mundo, espera. Agora é a minha vez.

Acho uma delicia

Os brinquedos do IKEA, desenhados por crianças para crianças.
Uma das coisas que desejo muito, é ficar parada na soleira da porta a ver a minha filha brincar. E brincar com ela.

A minha gravidez

Apesar dos sustos, dos medos e das duvidas, tem sido preenchida por muita sorte e uma imensa luz que me chega através das pessoas que me rodeiam. Desde médicos a enfermeiros, passando pelos avós da Maria, pelos tios e primos, por aquelas duas ou três grandes amizades, pelo meu Amor que tem sido o meu grande apoio nesta experiência tão bonita e única, sinto que tenho sido abençoada pela Sorte em tudo.
A minha bebé milagre tem sido a minha grande companheira na luta: nada de enjoos, peso controlado, poucos episódios de azia, tensões impecáveis, os meus dentinhos continuam cá todos vou entrar nos 41 com a dentição completa, nada de infecções urinárias nem pontapés à Ronaldo.
Os meus dias são feitos de Paz, Tempo, Silêncio e Amor. Depois eu junto-lhes uma pitadinha de vontade de chorar sem saber porquê, um nadinha de aborrecimento que só me faz ter vontade de estar quieta e sozinha dias inteiros, nervosismo ansiedade e stress qualidade inexplicável, zero paciência com um avião na linha de horizonte.
Hoje na consulta cruzei com uma mamã com 26 anos, com uma gravidez de risco devido a ser portadora de uma doença grave, com cinco meses de gravidez sem barriga, magrinha magrinha. Ainda não consegui parar de pensar nela. O mundo e a vida parecem afectar-me em dobro e por mais que me digam que é normal as grávidas sentirem assim, recuso-me a olhar-me como apenas mais um indicador estatístico de normalidade. Apetece-me gritar sabem, bem alto.

Talvez seja este o período mais fértil e rico de toda a minha Vida.

 Ainda não estou desesperada mas se me perguntarem se estou bem, não estou. Virei elefante, passo a vida a tossir e com falta de ar.
Nos últimos dois dias parece que me passou um camião em cima; só estou bem na cama.
Para completar o andor, lembrei-me de andar a ver vídeos de partos naturais e cesarianas.
(...)

Seja qual for o muro

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Hei-de estar sempre aqui para ti.

And the Oscar goes to

Em modo comentadora oficial da actualidade, entrego o prémio da semana à Senhora Juíza do Supremo Tribunal, pelo Não ao habeas corpus pedido em favor da progenitora que abandonou um bebé no lixo sabe tão bem sentirmos que afinal ainda podemos acreditar na Justiça.
(...)

Os dias mais bonitos do ano

São estes; dias de muito frio, cobertos por um imenso céu azul e um sol vivo resplandecente.
Sexta-feira tão generosa, cheia de uma luminosidade que nos lava por dentro.

Torres de Babel

Sobre o encontro quinzenal da mão cheia de políticos e aspirantes na AR: ri-me até não poder mais quando a senhora Joacine se pôs a poetizar sérias decisões politicas sobre o aumento do salário mínimo nacional, usando termos como amor ou desamor; e o senhor António Costa lhe deu uma lição cheio de estilo, dizendo-lhe que ali, na AR, se falava antes de questões de Justiça Social não sou a única a achar que esta senhora não percebe nada de Politica.
Por outro lado simplesmente adorei a intervenção do IL, na voz do senhor João Cotrim Figueiredo palmas para a intervenção inteligente, quando falou sobre a hipocrisia do Prémio de Assiduidade com que o senhor Costa pretende privilegiar a Função Publica é só mais uma muito ao estilo PS.
Assim vamos.

O curso Preparação para o parto

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Está a ser a experiência mais bonita e enriquecedora.
Como futura mãe e como ser humano. Há tanto de mágico e misterioso na concepção. Em apenas duas aulas a enfermeira Sandrine - aquele Sol de gente - transmitiu-me conhecimentos que nunca antes ouvi da boca de mãe alguma, nem mesmo das mais experientes.
(...)

Em modo explosão

Ando exausta. Olho à volta e tudo me parece tão em modo banho-maria. E apenas eu com esta pressa que até me corta a respiração se penso mais a fundo no assunto. A casa está de patas para o ar, eu cada vez com menos destreza para fazer seja o que for e a panicar com tudo o que está a ficar para fazer depois, como se depois eu fosse ter tempo ou genica. Se saio e ando a pé quinze minutos, sinto que se acciona uma bomba relógio aqui bem ao fundo da barriga. Quinze minutos minha gente, ao fim de quinze minutos esteja eu onde estiver só quero voltar para casa.
As noites são quase trágicas, mal durmo e não tenho posição.
Agenda, qual agenda? Consultas atrás de consultas e eu fartinha até ao osso.
A labilidade emocional, essa então, hoje ficou no limite; lá me caíram quatro lagrimonas sozinha.
Novembro é o meu mês, desde que me conheço que costumo "mudar de pele" nesta altura do ano. Mas desta vez, talvez pela gravidez já no sétimo mês, a muda de pele está a custar-me um bocadinho mais.
Só quero estar sossegada e quietinha, apetecia-me dormir até ao Natal.

Aquela progenitora

Não posso ser critica, ter voto na matéria, whatever, para julgar uma mulher de 22 anos que viveu uma gravidez na rua, sabe-se lá bem em que reais condições, que deu à luz na rua também ela abandonada à sua sorte. Parece-me tudo tão duro e cruel que não me alargo a reflectir sobre isso.
Mas minha gente, é preciso separar o trigo do joio.
Hoje ouvi comentadores televisivos a tocar na hipótese de este bebé voltar para os braços da progenitora, criando para isso melhores condições para ambos. A sério? Fico chocada.
Fosse qual fosse a triste sorte daquela mulher, ou a condição mental dela no momento, foi uma tentativa de homicídio. Sem floreados, foi isso que foi.
A realidade crua?
Ambos a viver na rua; ela tentou matar o próprio filho, ele voltou atrás para tentar salvar o que pensava ser um gato. Mais uma para o Bergeret.
Esse fosso atroz entre os seres humanos há-de sempre existir, quer estejamos a falar de sem-abrigo ou de alpinistas ou de gente com vidas comuns.

Em nome de todos os portugueses

Foi lá e agradeceu ao senhor Manuel Xavier.
Gosto muito do Presidente Marcelo. Acho-o genuíno, interessado, personagem humanizada como poucas da actualidade. Revela ter sérias preocupações sociais. Dificilmente veremos outro na mesma linha.

INTERNATIONAL SUMMIT ON PSYCHOLOGY AND GLOBAL HEALTH

Recebi um convite da Ordem dos Psicólogos Portugueses para estar presente nesta cimeira organizada pela OPP e pela APA, mas lamentavelmente devido à minha condição física não vai ser possível. De qualquer forma fico muito feliz que estas coisas estejam a acontecer.
Vai ser em Lisboa, já nos próximos dias entre 14 e 16 de Novembro.

Paradoxos

Quem salvou quem, o sem-abrigo ao bebé ou o bebé ao sem-abrigo?
Merecia sem duvida uma bela dissertação ao estilo Jean Bergeret.
(...)

Uma forma de estar

Imagem da Web
Allways looking for the bright side of life
Tenho lido muita coisa sobre produtos e marcas para bebés, muita coisa mesmo.
Entro em fóruns e esmiúço reações e nível de satisfação de mães e bebés. Procuro artigos científicos e garantias de qualidade, vejo vídeos, comparo preços. Descobri que a minha farmácia de toda a vida, que me faz 20% de desconto, ainda assim continua a ser mais cara do que a Well´s. Aprendi a jogar com as promoções como uma campeã de xadrez. Percebi que se calhar não vou usar tudo da Jonshon's como previ inicialmente. Em todo o caso será a Maria quem vai decidir o que melhor se vai adaptar à pele dela. Mas já fiz compras, que se correrem bem na primeira utilização, são as que definitivamente nos vão acompanhar. Algumas das escolhas:

Toalhitas: Water Wipes
Creme para os mamilos: Purelan 100, da Medela
Para prevenir assaduras e proteger o rabinho da nossa little mermaid: Eryplast E45 (pasta de água); Halibut
Fraldas: vamos começar com as Dodot Sensitive
(...)

O antes e o depois


Imagens da Web

Numa conversa recente, ao telefone com a minha irmã mais nova, mãe de dois filhos, ela solta-me aquela bomba Estou a pensar fazer uma lipoaspiração. Numa atitude completamente descomplexada e sem rodeios, ela atira com aquilo justamente à irmã mais velha e conservadora da família. Sempre achei que temos coisas tão mais importantes e urgentes a que dedicar-nos na vida, sempre vi estas necessidades como fúteis. De repente, ela na simplicidade da idade jovem que ainda tem, resumiu aquilo a simplesmente cuidar de si mesma. E porque não? Eu não o faria, mas dei comigo a admirá-la por ser capaz de o fazer como quem vai fazer um branqueamento ao dentista.
Agora que peso 72kg e tenho momentos de sentir que vou rebentar, que trago este cabelo rebelde a não poder mais, que nem sequer consigo fazer a depilação e que até já dormi com uma cueca descartável tipo Dodot (para testar se são confortáveis para levar para a maternidade), dou comigo a sentir muita vontade de fazer mais e melhor por mim quando recuperar a minha forma física. Ansiosa por retomar grandes caminhadas e beber litros de água aromatizados com canela e citrinos; começar! Admiro aquelas mulheres maduras que conheço (felizmente estou rodeada por algumas), bonitas e cuidadas; devo observá-las mais e abandonar a preguiça em mim. É um bichinho a roer cá dentro; já com 41 anos e mãe, tenho a impressão de que vou sentir-me mais bonita do que nunca. Eu que nunca fui vaidosa, tenho a impressão de que vou passar a sê-lo. É possível depois dos quarenta? Oh yeah!

Novembro

Tantas coisas para fazer.
Preparar a minha mala e da baby para o grande dia. Decorar a casa para o Natal. Fazer ultimas compras e arrumações do ano. Aproveitar estes últimos tempos de preguiça sem culpas, encher-me de sossego e de silencio. Iniciar uma nova organização mental e financeira na minha vida, tudo vai mudar para sempre muito em breve.
Deve chegar o quarto da Maria; decorar e arrumar o closet dela.
No meu aniversário acender uma vela branca, talvez cortar o cabelo.
(...)



"Y tirare semillas a la tierra, 
Semillas que muy pronto brotaran"

Bom dia Vida

E de novo as palavras daquela enfermeira sábia, enquanto eu chorava e perdia sangue:
"A natureza é perfeita, ela nunca se engana e ela nunca falha. Pode estar com esta hemorragia e ter outras ainda, mas se a natureza decidir com força que essa criança vai nascer, contra ventos e marés ela vem."

Penso naquele bebé, nascido sabe Deus em que circunstâncias, abandonado num caixote do lixo em pleno Outono com ares de Inverno, despido, desprotegido de todo, e que a plenos pulmões chorou a pedir socorro. Preso à Vida, não tenho duvidas.
E penso naquele sem-abrigo. E fico sem palavras para descrever como me comove tamanha lição de humildade deste homem, que ouviu o que parecia ser o miar de um gato, e voltou atrás.
Quantos bebés nascem em maternidades, hospitais, clínicas, com todos os cuidados, e não sobrevivem...
A enfermeira tem razão, o que a natureza decidiu que vai ser, será.

Olha que coisa mais linda

Imagem da Web

Adoro a imagem de marca da Benetton. A Maria vai certamente ser cliente.

O ADN deste blog

Muda hoje.
As imagens deixam de ser exclusivamente de minha autoria.
Sempre que não divulgar a fonte, serão minhas.
Mas gosto demais de fotografia para ficar limitada ao flash do meu segundo olhar. Quero partilhar a luz boa de muita coisa bonita que vou vendo por aí. E se houver algo em contrário no sentido de algum abuso, assinalem, que eu retiro imediatamente.

Crash boom bang

Se me rompe el corazón.

Ainda estou a digerir a ultima semana.
Dois ou três episódios inesperados que me tocaram e de alguma forma, me moldaram. Coisas tão minhas que ficam entre mim e o silêncio. Talvez no futuro eu pegue nelas e faça um avião de papel.
Ou talvez esteja só aborrecidamente mais frágil, e tudo não passe além da velha máxima Crescer dói.
Falta tão pouco para a Maria chegar; e Deus, na sua infinita sabedoria, vai-me esclarecendo. Vai-me fazendo perceber o que é essa coisa de virar leoa ou qualquer bicho que faça falta, por ela. Vai-me mostrando que além da frescura da fragilidade, estará uma montanha de valentia sempre que for preciso, especialmente quando nos depararmos com o inesperado. E que não é preciso discutir nem argumentar quando a voz do nosso coração é clara como a água. 
(...)
Estou tão calma, a quietude também é uma resposta.


Lembro-me que na primeira vez que vi este filme, muito longe ainda de pensar na maternidade, esta cena me comoveu até aos ossos; muito mais do que aquelas vergastadas impressionantes que acredito que muitos de nós ao ver o filme, as sentiram no próprio lombo.
Quando vi Maria recordar-se como corria para amparar o filho quando era criança e caía, e o fez instintivamente àquele Homem adulto que já não era dela, lembro-me de ter pensado: "Então ser mãe é isto, só pode ser isto. Ficam nossos e pequeninos para sempre." 
Um sentimento maior do que todos os sentimentos maiores explicáveis.

Uma senhora constipação

Com direito a uma valente dor de garganta. E eu a já não suportar o mel e os cítricos. Ainda sem recorrer ao ben-u-ron como única alternativa que tenho, e a ver se a sorte grande continua do nosso lado e nos safamos desta.

It´s a kind of magic

Têm sido dias de pequenas grandes vitórias.
Muitas consultas seguidas; chegar ao fim dos dias morta de cansaço mas muito feliz com os bons resultados.
Depois de alguns trambolhões, estamos de parabéns minha Pequena. Que Deus e a sorte grande nos continuem a acompanhar assim.

Só para contrariar




Primavera na ilha

Quem sai aos seus

O pai da Maria desperta todos os dias com um som no telemóvel que parece uma metralhadora. Uma coisa pavorosa que o faz, com alguma frequência, saltar da cama. Apesar de tudo sou a mais incomodada, eu nunca reajo com sobressalto, como ele.
Alguns minutos depois toca o meu, muito zen, em modo de reanimação cardíaca pois já quase morremos há instantes com a metralhadora do outro lado da cama.
Esta semana aconteceu uma coisa engraçada. A Maria despertou sobressaltada com o despertador do pai. Foi giro e único; acordamos as duas ao mesmo tempo, mas ela num sobressalto muito igual ao do pai. Fiquei ali quieta na cama, a rir-me sozinha. A Vida é realmente mágica.

A tomada de posse do novo Governo, hoje



Com uma atitude sempre critica ou não seria eu, contribuí para isto e acredito que foi a melhor opção.
O senhor Marcelo esteve muito bem, muito igual a si mesmo no discurso. Gosto que de maneira fina ele alerte que o povo não é tonto, e que estamos atentos mesmo que não estejamos.
O senhor Costa, a quem admiro a postura e o desempenho não deve ser nada fácil governar um país, mostrou-se seguro dos feitos e confiante no futuro quase demais, numa atitude inclusiva e optimista a que mais ou menos já nos habituou a todos.
Mesmo assim penso naquela catrafada toda de novas caras, nos novos ministérios havia mesmo necessidade?, e tenho duvidas se realmente isso se vai traduzir num melhor desempenho ou se apenas é o PS num modus operandi sem grandes novidades, a sapatear à descarada amiguismos tachos e cambalachos.
Nem tudo é perfeito, mas vamos acreditar no melhor, que o país precisa e merece.

O bailinho na Assembleia da República

Não acho, de todo, normal o que na politica é permitido nos dias de hoje.
Causar impacto tornou-se mais importante do que saber estar. Esta gente marca presença em determinados lugares, como quem vai a um desfile de moda onde vence quem mais impacto causa pelo choque da diferença / novidade.
Faria toda a diferença se o assessor da senhora deputada do partido em questão, se vestisse assim no seu dia a dia mas desconfio que não. Portanto a tratar-se apenas de uma imposição / exposição mediática, olhei para os dois e não consegui ver mais do que a fome e a vontade de comer juntas. E se calhar sou quadrada, rectangular, uma velha do Restelo, sei lá. Sei muito poucas coisas, aliás quase nenhumas. Mas sei que não é este o mundo equal que reclamo para a minha Maria. Há valores tão maiores, tão mais importantes. Desvirtuamos o cerne das questões actuais mais preocupantes, em meio de vaidades tontas, desfiles de bobos e imposições de nada.
Haja paciência!

Again and again



Aquela musica, a que me dá colo.
Ando sensível até à medula. Hoje na primeira aula de preparação para o parto, deu-me para chorar. Éramos mais do que uma dezena, alem dos pais acompanhantes. A enfermeira é uma doçura de pessoa, já tinha estado com ela uma vez, logo no inicio da gravidez quando perdi sangue e pensei que perdíamos este bebé também. Nunca me esqueço das palavras e do abraço que esta enfermeira me deu naquele dia.
Foi no instante em que ela descrevia o acto de expulsão no parto, que me caíram as lágrimas. Dei comigo a pensar nas perdas anteriores, e que desta vez Uau! já chegamos até aqui.
Cada dia tem sido um milagre. Ando especialmente cansada e nos últimos dias com muita vontade de ficar quieta e sozinha. Psicologicamente tem sido intenso, tento fazer de mim mesma uma grávida normal, mais piegas ou menos, com mais quilos ou menos, mas normal. Tento não aborrecer ninguém com as minhas duvidas e medos e não me transformar numa vaca pesada.
O certo é que hoje quando percebi que apenas eu estava para ali a tentar controlar as lágrimas que acabaram por ser incontroláveis, dei comigo a pensar que se calhar não estou a viver a gravidez de forma assim tão normal.
Sinto-me pequenina e só me apetece fugir para o abraço da minha mãe, logo agora que também eu tenho que virar leoa; acreditam?
Anyway, estou a fazer o melhor que sei e que posso.

Entre Vila Nova de Cerveira e Caminha





À medida que envelheço, percebo mais e mais a importância da minha gente na minha história. São gente simples, gente humilde, gente brega e gente de briga também.
Que fazer, são a minha gente. É para eles que vou ter vontade de correr no ultimo dia da minha vida.

Formas válidas de pensar e de sentir

"Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria."
Machado de Assis

Como não ter medo

De ficar sozinha. De não ter forças. De faltar a saúde. Dos preconceitos deste mundo aleijado, se a minha filha vier com Trissomia 21 ou for negra ou for qualquer opção sexual que não a convencional.
Como não ter medo num mundo em que no mesmo dia em que gastam mais de sessenta mil euros para exumar o túmulo de um só homem quieto há mais de quarenta anos como se isso fosse a coisa mais importante da História, revelam que os 39 cadáveres de ninguém encontrados amontoados num camião eram de chineses ilegais.
(...)

"Venha o teu Anjo aproximar em nós
A alegria voltada para dentro
da alegria voltada para fora."
José Tolentino Mendonça

Sweet October

Há causas que mesmo que estejamos alheios a elas, são de todos nós. 
Gostei especialmente do exercício de empatia da Alice Vieira com a Carla Sofia Henriques:

Uma causa maior

O nosso SNS

Numa altura em que se ouvem tantas coisas más, devo dizer que tenho sido muitíssimo bem acompanhada na minha gravidez. Médicos e enfermeiros experientes, alguns com um nível de humanização que é um primor, sempre atentos e disponíveis. Posso vir a ter dissabores pois a Maria ainda não nasceu, mas o bem que já foi feito não se apaga e eu, assim de coração bem cheio, confesso que durante estes primeiros quase seis meses de gravidez, não trocaria o atendimento que tenho tido no serviço publico pela melhor clínica privada.
Amanhã começo as aulas de preparação para o parto, um bocadinho mais cedo do que o previsto devido à diferença no protocolo a seguir numa gravidez gemelar. Foi o primeiro alerta de que tudo pode acontecer mais cedo, e aqui mais uma vez um sinal do quão atento e profissional consegue ser o nosso SNS.
(...)

Olha o mundo a sorrir para ti, Maria



Ontem ganhamos de presente esta musica linda, com uma letra fabulosa, interpretada pelo super Tiago amor maior da Isi.
Milhões de sorrisos e obrigado aos dois.❤❤

De onde eu vim e para onde eu vou

Um destes dias deu-me para folhear álbuns de fotografia da infância. Foi agora aos quarenta que reparei pela primeira vez em como fui um dia uma mini Florbela Espanca. Em quase todas as fotografias tinha um olhar triste e quieto. Talvez porque ainda não compreendia nada da vida, era a mais velha de quatro irmãos e ao mesmo tempo que percepcionava as nossas dificuldades como família, não percebia ainda que a nossa sorte grande estava naquela mãe valente como uma leoa, a valer tanto ou mais do que muitas mães e pais juntos.
Nunca fui uma miúda gira nem popular. Não fui uma boa irmã nem uma boa filha e isso hoje cá para mim sozinha com os meus botões, magoa-me especialmente porque sei que poderia ter estado mais ao lado de cada um deles numa época em que certamente lhes fiz muita falta, e já não posso voltar atrás. Fui boa aluna, fui boa amiga de duas ou três meninas sempre muito diferentes de mim.
Foram tempos difíceis, mas foi com a ajuda dela, a minha mãe, que eu cheguei aqui. Fiz a minha licenciatura, trabalhei oito anos numa organização internacional. Tirei o meu tempo sabático. Vivi oito anos numa ilha. Atirei duas vezes a manta ao ar. Pós graduei-me. Recuperei um amor com quinze anos de interrupção; vou ser mãe. Sou feliz com o que faço e tenho planos para o futuro. Olho para os meus sobrinhos lindos e espertos e sei e sinto, que apesar das dificuldades do passado, finalmente como família e como pessoas, chegamos a um lugar melhor.
(...)

Saudades

Da aura mágica do meu local de trabalho.
Chegaram-me fotografias do jardim que apesar de estarmos no Outono, está esplendoroso. A nespereira cresceu tanto!

O sexo na gravidez

Por circunstancias de risco que acredito que aconteçam com muitos casais, eu e o pai da Maria levamos com bandeira vermelha logo desde o inicio da gravidez e por um período mais ou menos longo. Quando levantaram a bandeira verde tivemos que lidar com os medos que já tínhamos cultivado, por mais que estivessem desmistificados pela imensa informação que nunca nos faltou: e se a magoamos? E se vamos propiciar infecções? Etc etc.
Acho que dentro da normalidade, lidamos lindamente com a situação. Encontramos sempre a forma perfeita de nos amarmos, mesmo nos tempos de bandeira vermelha.
Nunca descuidamos o desejo, o imenso amor nos bastidores, os abraços fundos todos todos todos os dias, os mimos ao acordar, o cuidarmos um do outro como já fazíamos antes de existir a Maria.
É importante o nosso trabalho interior enquanto mulheres, ainda que grávidas. Manter sentimentos de segurança em relação ás enormes mudanças no nosso corpo físico, não subestimar a libido nem desenvolver sentimentos de culpa, não nos esquecermos da realidade das alterações hormonais e conversarmos abertamente com o médico se for necessário. Mantermos presente que uma relação intima egoísta é um ruído primário na comunicação dos casais. Mais do que a palavra troca, é a palavra partilha de preliminares e posliminares* que implica sincera disponibilidade e amor. Não acredito que existam fórmulas mágicas, acredito sim na sorte de cada um aliada ao trabalho diário que uma vida a dois implica.
Se não se tem alicerces de afecto bem cimentados, estas questões do sexo na gravidez (ou na doença por exemplo) podem balançar bastante as relações.
O sexo é fundamental na vida de um casal; não deve ter nem mais nem menos importância do que a que realmente tem. Saber lidar com contrariedades e manter a chama viva, exige um bem querer maior: esta é talvez uma das primeiras grandes aprendizagens que a maternidade / paternidade nos proporciona.

*Talvez tenha inventado uma palavra nova. Os posliminares são tão importantes como os preliminares, na medida em que prolongam a sensação de bem estar, estimulam sentimentos de uma enorme segurança. Assim a grosso modo, os posliminares confirmam-nos que o fizemos foi Amor do bom.

As noites

O descanso tem vindo a declinar drasticamente.
Não sei o que é dormir mais do que duas horas seguidas. As câimbras nas pernas não dão tréguas, não encontro posição nem com ajuda de almofadas, levanto-me sempre com dores de cabeça e com a sensação terrível de que passei toda a noite literalmente a amassar-te.
(...)
De resto já sinto que vou explodir, rebentar, sei lá. Por vezes parece que estou envenenada e sinto pela primeira vez na minha vida urgência em policiar a minha alimentação, especialmente aos doces tenho que declarar guerra aberta.
(...)

Tantas coisas boas a acontecer nas nossas Vidas

Foi no dia 19 que interagiste comigo pela primeira vez. Literalmente brincamos uma com a outra; eu dava pequenos toques em zonas da minha barriga linda, e tu correspondias numa sincronia mágica.
Foi a primeira vez que "falamos" uma com a outra, e eu nunca poderei explicar a imensa alegria que senti.
Ontem de manhã enquanto arrumava uma montanha de papelada nas gavetas, pus musica para ti.
Mozart. Foi a primeira escolha e que bem nos soube às duas.

Fotografar assim




Com o olhar.
Sem a necessidade de uma boa máquina, sem a importância de uma boa fotografia.

Sobre os irmãos

De minha parte, a Maria não terá irmãos. Espero por isso que ame muito os primos, como tal.

Os irmãos são mesmo o segundo maior presente que os nossos pais nos podem dar, sendo que o primeiro indiscutivelmente é a Vida.
Mais próximos, menos próximos, são quem melhor nos conhece do direito e do avesso. Cresceram connosco, nunca precisaremos de lhes contar sobre as dificuldades e os sucessos lá de casa. Com visões diferentes do mundo, a seguir caminhos se calhar opostos, são quem de alguma forma conhece o tamanho e o aperto ou ajuste certo da forma de onde viemos.
❤❤❤

O bebé Rodrigo

Estou chocada, caem-me as lágrimas só de pensar no que estão a passar aqueles pais de Setúbal. Influenciou-me de tal modo que já ontem me fui deitar tristonha e hoje despertei a choramingar.
Conseguem imaginar? Que no parto nos coloquem o nosso bebé em cima e sejamos nós a darmos-nos conta de que não tem olhos nem nariz?
(...)


Um dia vou falar-te nele; e ao mesmo tempo em muitas questões tão importantes, como o estigma na doença, a homossexualidade, a beleza, a genialidade. Vou contar-te que para mim foi o maior na História da musica, que apesar de feio era extremamente sensual e masculino em palco, e que escreveu esta musica para a sua Mary Austin, o grande amor da sua vida.

"I´ve made the whole crowd sing for you Mary"
Freddie Mercury

Ali para os lados da Apúlia







Onde se come tão bom peixe, onde o mar parece criança.
Nunca saberei dizer o quanto eu gosto das gentes simples. O quanto a beleza interior do meu Portugal mais querido, me comove e me fortalece naquelas que serão sempre as viagens mais grandes que eu já fiz.
Sempre me considerei uma miúda mais ou menos destemida. Nunca vivi a vida a olhar para todos os lados, nunca parei para pensar no que realmente me assusta, talvez porque antes nunca me tenha realmente assustado.
A gravidez ao mesmo tempo que nos faz mais fortes, também nos fragiliza. Dou comigo a pensar na vinda da Maria, e pela primeira vez tenho medo. Medo de adoecer; medo de perder o emprego; medo de ser vencida por cansaço; medo de ser menos alegre ou mais triste do que a linha limite; medo de errar na tua educação; medo de algum dia perder o abraço-fortaleza do teu pai; medo de morrer; medo de alguma vez, por alguma razão, te faltar.
(...)

Lugares mágicos







Lanzarote del mar.