O tudo da Vida

O nascimento de mais um sobrinho, hoje.
Que a Vida seja generosa para ti meu Amor, e que tu faças sempre a diferença no Bem.

"Não se pode viver a vida só de esperança, mas sem esperança muito dificilmente se pode viver a vida."
Tamara Falcó

Como uma oração*

Aproximam-se dias de vaticínio. A espera tem sido um exercício difícil; ora tenho dias de crescimento ora me volto para dentro e me fecho feito bicho que hiberna. Entre uma coisa e outra faço o meu auto-trabalho mental, em que me preparo para enfrentar o pior na enorme esperança de que me aconteça o melhor.
(...)
Poderemos ser só nós meu Amor, sem o Audi e sem o filho.
Poderemos ser nós sem o Audi, o que quer dizer que teremos o nosso filho.
Há ainda a possibilidade de sermos nós, o Audi e o filho.
Em qualquer uma das possibilidades, seremos nós*.

"The sea is not less beautiful in our eyes because we know that sometimes ships are wrecked by it."
Simone Weil

Adenda ao post anterior

Também gosto de Manelinho (Manuel Maria).
E de Vicente; Mateus; Lourenço; Guilherme.
(...)
Decidimos que se fosse menina eu faria a minha oferenda á Virgem Maria, se for menino o pai escolhe o nome.

Contrastes




Próximas leituras

Cosas que brillan cuando estan rotas, de Nuria Labani.
O sofrimento pode esperar (diário de três vitórias sobre o cancro), de João da Silva.

Tu


Que um dia me ofereceste um filho ou um Audi.
És mais do que a minha Bússola, o meu Sol, a minha Casa, a minha Pessoa no mundo.
Tu és a maior razão de todas, a certeza sossegada que permite a compreensão para todas as voltas que a minha vida deu, és aquela coisa maior bem no centro do Amor chamada Paz.
És o melhor companheiro de Vida, e o meu melhor Amigo também.
(...)

Muitas saudades do Verão na ilha









 








 



 
Agora que estou fechada em casa.

Sobre o aborto espontâneo

"But i was connected to mum, before birth and after death."

Não me apetece escrever muita coisa sobre este tema. Só que ninguém, absolutamente ninguém, perde como nós mães. Nem o pai com toda a sua dor e amor profundo, nem as famílias com todo o pesar, nem as equipas de profissionais que nos acompanham.
Após a primeira perda, o meu corpo mudou para sempre. A consciência de mim e do mundo ganhou novos conceitos.
Após a segunda perda aprendi a aceitar que a natureza é perfeita, mesmo quando nos contraria.
Em ambas as perdas descobri a força e a fragilidade do fio invisível condutor do Amor.

Fatias grandes de um mar imenso



"Quando morrer voltarei para buscar
Os instantes que não vivi junto ao mar (...)"
Sophia de Mello Breyner Andresen

Breve raio X


Nasci em Angola e tenho quarenta anos, dos quais trinta foram vivos em Portugal e oito numa ilha de Espanha a apenas oitenta quilómetros de África. A minha Casa no mundo não é um país ou uma cidade; aprendi com a distância e as saudades que a minha Casa no mundo são Pessoas. Mas há a luz e os cheiros, que me fazem ficar eternamente de lugares e momentos. Por causa disso, mais do que de qualquer outra parte no mundo, sou do Porto.
Sou filha de uma união desfeita, a mais velha de quatro irmãos, criada pela minha mãe cuja vida dava um filme ao mais alto nível da esfera de Almodôvar, sobre a qual não tenho o direito de fazer revelações ou emitir juízos. A minha mãe é sem duvida, a mulher mais grande que conheço. Foi preciso estudar muito, ler bastante, consumir histórias de vida como copos de água dentro de um gabinete fechado, para a compreender admirar e amar incondicionalmente.
O meu pai foi um homem que escolheu a vida em partes, com o qual não tenho qualquer ligação. Estou em paz com isso e agradeço-lhe o reforço da aprendizagem: que o amor só se constrói com muita constância, com presença e exemplo.
Formei-me numa área por paixão e vocação; trabalhei intensamente, cresci tanto que um dia quis parar. Esse tempo foi também uma cura, uma aprendizagem. Durante oito anos vivi de vento, mar, manhãs iluminadas e silêncio. No meu regresso ao Porto e após concluir uma especialização, descobri uma verdade que me libertou: posso ser feliz a fazer o que gosto independentemente de recompensas ou remunerações. Se fosse hoje? Formava-me em Medicina. Mas a vida, diz-se que nos coloca sempre onde realmente devemos estar. Encontrar projectos bonitos e pessoas boas, também nos orienta e nos permite crescer. Por causa dessa sorte, hoje sinto-me bem profissionalmente, com objectivos renovados e tranquilidade para os poder alcançar.
De resto tive a imensa sorte de viver o maior Amor (acredito que só nos acontece uma vez na vida) e duas paixões bonitas; não abriria mão das minhas histórias porque com elas cresci e fiz-me quem sou hoje.
Nunca sonhei ser mãe. Mas quando amamos tanto, quando amamos tudo, pode muito bem acontecer que chega um dia e olhamos aquela pessoa e pensamos: Como seria uma criaturinha vinda dos dois? E a vontade de ver crescer, cheirar essa criatura, de repente fica maior. Dou por mim, após duas perdas, a redefinir-me com força. Não sei ser de outra forma: preparo-me para o pior, esperando SEMPRE o melhor.
A Família é uma espécie de Eu em mim, não consigo ser feliz se eles não estiverem bem. E ao núcleo duro junto aqueles com quem tenho tido a sorte maior de me cruzar, os que de alguma forma chegaram e ficaram. Ás vezes são duas ou três pessoas chamadas de Amigos; bichos de estimação que chegamos a querer como gente; ou pessoas que em algum momento pontual foram determinantes na construção da Pessoa que somos.
Considero-me portanto privilegiada. Sou profundamente grata à Vida.
(...)
Todas as fotografias deste blog são de minha autoria.