Ontem ouvi alguém dizer que sobre as dores do parto, são indescritíveis. Por serem muito mais do que uma questão física. Dizia ela que parimos algo desde as entranhas, desde a alma, e que portanto é impossível descrever a verdadeira intensidade dolorosa e emocional do momento.
Saber que é um momento também de dor e choque para o bebé, faz com que de alguma forma a preocupação com a minha própria dor seja relativizada para um segundo plano; e pode bem acontecer que este pensamento só seja válido até de facto sentir as dores atrozes. Não sei, todas as fases da gravidez têm sido até aqui, de constante aprendizagem. Sobre os meus limites, sobre as minhas fraquezas, sobre as minhas forças.
Diz a ciência que se os homens pudessem dar à luz, 99% morreria no parto apenas pela intensidade emocional, imaginem se lhe acrescemos a dor. Acredito bem que sim. Cá em casa às vezes discutimos questões como a episiotemia e o pai da Maria encara tudo com uma naturalidade tão grande que me faz sentir uma cagarolaszita. Mas depois falo-lhe à bruta numa tesourada nos testículos e ele até se encolhe. E eu rio, rio muito. Percebo que a natureza não fez isto para eles, fez para nós. A valentia de diante de terceiros soltar todas as nossas misérias cá para fora, xixis e cocós, de entre lágrimas e gritos e odores nauseabundos sermos absolutamente bichos nesse instante, provoca por si só a confirmação de uma descoberta que nem todos fazem na vida:
Somos sem duvida, muito mais fortes do que pensamos.
A magia mesmo, acontece logo a seguir ao momento tão traumático. Todas as mães contam o mesmo: quando olham para o seu bebé pela primeira vez, todas as dores passam imediatamente para um segundo plano, porque há uma alegria imensa que toma conta de nós inteiras.
Coisa mais bonita e transcendente.
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