Sempre me considerei uma miúda mais ou menos destemida. Nunca vivi a vida a olhar para todos os lados, nunca parei para pensar no que realmente me assusta, talvez porque antes nunca me tenha realmente assustado.
A gravidez ao mesmo tempo que nos faz mais fortes, também nos fragiliza. Dou comigo a pensar na vinda da Maria, e pela primeira vez tenho medo. Medo de adoecer; medo de perder o emprego; medo de ser vencida por cansaço; medo de ser menos alegre ou mais triste do que a linha limite; medo de errar na tua educação; medo de algum dia perder o abraço-fortaleza do teu pai; medo de morrer; medo de alguma vez, por alguma razão, te faltar.
(...)
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