Sobre a Luz que se acende no meu coração



Às vezes os dias também são feitos de Amor.

Morreu-me a sério a vontade de escrever. Durante um bom tempo foi de um silêncio vital para mim que aprendi a segurar as pontas. Sabem aquela coisa de dias maus e pesados, em que só podemos mesmo ter a ousadia de vencer apenas um de cada vez? Foi um cansaço acumulado, uma falta de sal todos os dias a roubar o sabor à vida, uma tristeza miudinha a moer e a matar.

Malgastamos os dias. Morremos de medo de tudo. Da morte. Da falta de saúde. Da falta de dinheiro. Da falta de afecto. Da falta de sonhos. Da falta de tesão. Descobri nos últimos tempos que tenho medo a sério da falta de educação e da falta de sensibilidade. 

Além da pobreza que cresce de forma alarmante nas ruas, é sobretudo uma certa indiferença colectiva ao aumento da miséria humana no estado mais grosseiro e chocante de sempre, que realmente me perturba.

Entre algumas coisas que me inquietam, está o facto de me sentir misturada com a corrente do rio.

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