Uma das musicas mais bonitas de sempre




História partilhada por Christian Felix:

Por trás da Letra: Drão - Gilberto Gil

O compositor escreveu em 1981, poucos dias depois da separação. A letra é uma parábola sobre o amor, que não morre – e sim, se transforma. Assim como o trigo, ele nasce, vive e renasce de outra forma. Há referências à cama de tatame onde o casal costumava dormir (“cama de tatame pela vida afora”) e aos três filhos frutos do relacionamento deles (“os meninos são todos sãos”). Os dois foram casados por 17 anos e tiveram três filhos: Pedro, Maria e Preta. Hoje, aos 53 anos, Sandra mora sozinha no Rio, sonha em montar uma pousada e se lembra com carinho da canção que marcou o fim de seu casamento. Por uma feliz coincidência, Sandra costuma ouvir sempre a "sua" música no rádio do carro. Uma emissora carioca parece estar programada para tocá-la todos os dias, às 11h. A ouvinte especial está sempre sintonizada.
Sandra Gadelha:

"Desde meus 14 anos, todo mundo em Salvador me chamava de Drão. Fui criada com Gal [Costa], morávamos na mesma rua. Sou irmã de Dedé, primeira mulher de Caetano. Nossa rua era o ponto de encontro da turma da Tropicália. Fui ao primeiro casamento de Gil. Depois conheci Nana Caymmi, sua segunda mulher. Nosso amor nasceu dessa amizade. Quando ele se separou de Nana, nos encontramos em um aniversário de Caetano, em São Paulo, e ele me pediu textualmente: 'Quer me namorar?'. Já tinha pedido outras vezes, mas eu levava na brincadeira. Dessa vez aceitei. Engraçado que Gil mesmo não me chamava de Drão. Antes havia feito a música 'Sandra'. Já 'Drão' marcou mais. Estávamos separados havia poucos dias quando ele fez a canção. Ele tinha saído de casa, eu fiquei com as crianças. Um dia passou lá e me mostrou a letra. Achei belíssima. Mas era uma fase tumultuada, não prestei muita atenção. No dia seguinte ele voltou com o violão e cantou. Foi um momento de muita emoção para os dois. Nos separamos de comum acordo. O amor tinha de ser transformado em outra coisa. E a música fala exatamente dessa mudança, de um tipo de amor que vive, morre e renasce de outra maneira. Nosso amor nunca morreu, até hoje somos muito amigos. Com o passar do tempo a música foi me emocionando mais, fui refletindo sobre a letra. A poesia é um deslumbre, está ali nossa história, a cama de tatame, que adorávamos. No começo do casamento moramos um tempo com Dedé e Caetano, em Salvador, e dormíamos em tatame. Durante o exílio, em Londres, tivemos de dormir em cama normal. Mas, no Brasil, só tirei o tatame quando engravidei da Preta e o médico me proibiu, pela dificuldade em me levantar. A primeira vez em que ouvi 'Drão' depois que Pedro, nosso filho, morreu [num acidente de carro em 1990, aos 19 anos] foi quando me emocionei mais. Com a morte dele a música passou a me tocar profundamente, acho que por causa da parte: 'Os meninos são todos sãos'. Mas é uma música que ficou sendo de todos, mexe com todo mundo. Soube que a Preta, nossa filha, chora muito quando ouve 'Drão'. Eu não sabia disso, e percebi que a separação deve ter sido marcante para meus filhos também. As pessoas me dizem que é a melhor música do Gil. Djavan gravou, Caetano também. Fui ao show de Caetano e ele não conseguia cantar essa música porque se emocionava: de repente, todo mundo começou a chorar e a olhar para mim, me emocionei também. E, engraçado, Caetano é o único dos nossos amigos que me chama de Drinha."
FONTE: Rosane Queiroz - Revista Marie Claire [edit: a matéria é de 2000. Sandra hoje tem 71 anos]


Maravilhas do pós-parto

De repente percebermos que no ultimo mês perdemos mais de dez quilos e por causa disso ganharmos um guarda roupa inteiro a custo zero.

Baby steps

A primeira vez que olhaste com expressão, que choraste com lágrimas, que tossiste, que senti que era só a mim que querias, que me sorriste, que relaxaste no banho, que seguraste no biberão, que seguiste a voz do teu pai com o olhar.
(...)

Maternidade versus Paternidade

A julgar pelos casos que conheço, o pai da Maria colabora bem mais do que a maioria. Ainda assim, bem menos do que eu esperava.
(...)

Luxo

Um banho demorado. Ver um noticiário completo, ou andar sempre em cima das ultimas no telemóvel. Ficar uma hora inteirinha à conversa com uma amiga. Ler. Sair para tomar um café sem hora, sentada sozinha a folhear o jornal. Ter uma agenda doméstica que bata certo. Ter tempo e frescura mental para discutir sobre o racismo ou a eutanásia.
Dormir. Dormir. Dormir.

Nós e a Maria


Dias enormes, cheios de Sol.
Dias de um céu espelho de Luz, de um azul infinito.
Os dias mais frios a dormir no colo mais quente.
Os primeiros dias de uma Vida que se quer inteira.
Dias de um para sempre, que nos transformam a cada instante.
Dias do mais profundo Amor, de uma força inesperada, de muito riso e alegria.
(...)

17 de Janeiro de 2020

16h02m; passamos a ser três. Passei a chamar-me de primeiro nome Mamã.
A Maria nasceu com 3840kg, através de uma cesariana. É a bebé mais linda do mundo, dona vitalícia do meu coração inteiro.
Tivemos algumas complicações no caminho, durante uns dois dias cheguei a pensar que não ia cá ficar para poder criar a minha filha. Foi um processo demasiado traumático para mim e por essa razão, pelo menos não por agora, não conseguirei descrever grandes pormenores de tudo o que aconteceu desde dia 15 de Janeiro até à data de ontem, quando finalmente comecei a sentir-me capaz de novo.
O importante é que ambas sobrevivemos, continuamos juntas e inauguramos um novo capitulo da Vida, que inesperadamente aos 41 me dá tanto e me surpreende.
Ser mãe é o maior desafio, a maior entrega, o maior presente.
❤❤❤