Coisas que não mudam

Vou sempre preferir ser o pobre feliz a comer uma sardinha, do que o rico triste a comer um bife.
Ando mais sensível; comovo-me com um avião que passa, choro muitas vezes sozinha (e nem com a gravidez isso muda, continuo a preferir chorar sozinha).
Fico muito triste com algumas coisas, e incrivelmente feliz com outras (esta semana o momento mais bonito foi saber disto: A humildade do verdadeiro campeão ).
Fico triste com o egoísmo, com a indiferença, com o amor que asfixia, com o interesse gratuito, com o facto de alguém se achar dono da vida de alguém, com a imposição desrespeituosa , com a ingratidão (a dos outros e a minha), com o facto de alguém subestimar a inteligência de alguém, com pessoas colocarem preços em pessoas.
É por isso que a minha filha se vai chamar Maria. Porque só no colo da Santa Mãe conto o que verdadeiramente me vai no coração, desabafo as minhas profundas decepções e alegrias, agradeço e agradeço, e peco em segredo ao pedir Paz e protecção acima de tudo e todos para o meu núcleo duro familiar: a minha filha, o pai dela e eu.
É um exercício terrível que ainda vou ter que aprender a fazer: a saber colocar-nos aos três, sempre, em primeiro lugar.

Dia não

Isto vai como o desfolhar do malmequer.
Hoje, foi um não.
Apetecia-me hibernar, dormir até ao dia do nascimento da minha Maria.

Sobre a cimeira do clima

Já não suporto a hipocrisia da classe politica mundial.
Em vez de tanta profecia gostaria de ouvir falar da aplicabilidade de imensos projectos novos que surgem, ou não surgem porque nem sequer ninguém lhes dá voz.
Acho genuína a preocupação dos jovens, não sei se acredito que eles tenham realmente tanta garra.
A comunicação social diz que desde 1850 não se verificavam estas alterações climatéricas. Isso quer dizer o quê, que em 1850 o planeta esteve por um fio?
Não consigo simpatizar com a Greta Thunberg, aquela emoção ao limite com um discurso lido pareceu-me uma coisa muito desiquilibrada (pela primeira vez o Trump fez-me rir).
(...)

Só sabe o bom que é estar perto


 
   

 


Quem fica longe.

O lado negro da gravidez

Acho que a gravidez quando corre atribulada como a minha, fica meio como viagem chata de avião, se eu pudesse carregar num botão e estar no destino seria maravilhoso.
O momento mais alto foi quando senti a Maria mexer pela primeira vez. E cada vez que ela se mexe é o maior antidepressivo da Vida, alegria pura! Acho que é a coisa mais grande, mais incrível.
Mas muito longe de ser só um estado de graça, tão pouco tem só o lado negro. Acho que é um meio termo. De qualquer forma partilho o texto em baixo, que embora não tenha sido escrito por uma mamã, retrata tantas contrariedades da gravidez. Todos os homens deveriam ler:

O lado negro da gravidez

A Bola de Ouro

Por um lado todos torcemos para que seja um português o melhor do mundo, definitivamente.
Por outro lado foi muito bonito assistir a estes dois, Cristiano e Messi, a coincidir numa competição constante e inesquecível na história do futebol. Talvez por causa disso, do mérito inegável de ambos, eu gostaria mesmo que o empate das cinco Bolas de Ouro nunca se desfizesse. Ficariam no nosso imaginário, para sempre, um e outro como o the best de todos os tempos.
De resto gosto mesmo muito do Van Dijk. Li no outro dia que já os outros dois tinham umas quantas Bolas de Ouro e este estava ainda a lavar pratos na Holanda. Gosto tanto de gente humilde que luta, acho que faz falta abertura a novos talentos. Ao contrário do Modric que era só um bom jogador e ninguém conseguiu perceber muito bem o que foi que aconteceu naquele dia (não vamos confundir alhos com bugalhos), o jovem Van Dijk é de facto tecnicamente para lá de muito bom.
Vamos ver o que acontece.

Os meninos da caverna

Lembram-se daquele grupo de meninos na Tailândia, que ficaram fechados dias e dias numa gruta com o treinador?
Foi decidido entre todos, que os primeiros a serem resgatados seriam os que viviam mais longe da gruta, simplesmente porque o regresso de bicicleta seria mais longo.
Fico tão cheia de esperança.
(...)

Mercado na ilha






A Maria vai adorar.

Segovia

 

Dos lugares mais bonitos e civilizados que conheci.

Ávila




Vale dos Caídos



Pela própria história que encerra, este sitio causa arrepios sérios e muito respeito.
Não acho que se devam destruir ou vetar acontecimentos da história do Homem. Apagar a memória da ditadura não é possível. Acho que um dia quero levar aqui a Maria e mostrar-lhe que tanto sofrimento deu origem a este monumento e que embora não haja consenso sobre isto, para mim faz todo o sentido que o túmulo de Franco esteja no mesmo local onde jazem tantos que ele subjugou: no fim da vida todos somos iguais, todo o Homem é finito e acabará reduzido a nada.
O pior de todos os erros da Humanidade: o Homem escravizar e oprimir o próprio Homem.

Rota dos museus







Vénus

Dos dias em Madrid.
De todos os museus, o do Prado e o da Baronesa Thyssen.

Saudades


O Tobias e o Garfield.
Duas alminhas boas que já não estão. Especialmente o Garfield; foi a minha bolinha de fogo, o meu bocadinho de Sol, o meu eterno menino dourado. O Tobias foi o animal mais esperto que conheci, um verdadeiro sobrevivente.
Um fomos buscar ao canil já velho, o outro foi encontrado na rua com oito meses.
Quando a Maria for crescida, trazemos outro patudo cá para casa, para encher as nossas vidas de bem querer.


Esta manhã ao ver nas notícias aquela gente em Hong Kong a matar-se à pancada nas ruas, dei comigo a pensar que se fosse em África, não chocaria da mesma maneira. Porque em África as pessoas na sua maioria não têm sequer acesso à educação, o povo não tem escolha a não ser viver e lutar com base na ignorância. Mas em Hong Kong?
Quando vejo homens e mulheres instruídos a brigarem de paus e pedras armados nas ruas, acho mesmo que o nosso mundo está por um fio.

O que sente uma pré-mamã

Sinto a bondade dos meus, a ternura de uma preocupação genuína multiplicada.
Sinto a hipocrisia de um povo tão solidário mas que na sua grande maioria finge ignorar a lei nas caixas de supermercado quando vê uma grávida.
Sinto que o homem por mais que viva este processo intensamente, jamais o viverá como a mulher.
Sinto tanto medo e incerteza, pelo planeta que tenho para apresentar à Maria, pelo mundo actual e pela crescente degradação da qualidade do ser humano.
Sinto ansiedade pelo meu regresso ao trabalho, quero saber que consigo voltar a uma rotina normal e saudável.
Sinto vontade de cortar o cabelo e comprar uma botas estilo pantufa.
Sinto que vais ter o melhor pai do mundo.
Sinto expectativa em relação ao parto; primeiro pela Maria e depois por mim.
Sinto, porque todos me avisam, que vou ter que me adaptar a grandes mudanças.
Sinto a imensa sorte que temos em toda a ajuda valiosa que temos recebido, eu e o pai da Maria.
Sinto vontade de ler e debater sobre educação, percebo que não vai ser fácil.
Sinto tranquilidade em relação a questões de aumento de peso e varizes, agora percebo que só um filho nos pode marcar o corpo assim, sem mágoas e com toda a compreensão.
Sinto alegria genuína, porque a Maria tem a sorte grande de ter vivos os quatro avós.
Sinto que depois dela, vou ficar mais bonita.
Sinto que com ela se vão acabar os meus assustadores instantes de quebra abrupta de energia anímica.
Sinto que por causa dela, vou voltar a gostar do Verão como quando era pequenina.
Sinto que a minha casa vai ficar cheia para sempre.
Sinto pela primeira vez a sério, necessidade de reflectir sobre a minha vida financeira.
Sinto que já não conta só o presente, o futuro tem tanta importância.
Sinto que vou finalmente aprender a ser mais egoísta, qb.
Sinto que este é o papel mais importante que podemos desempenhar na vida.
Sinto que vou cometer muitos erros, e vou ficar desesperada algum dia.
Sinto que nunca mais vai haver melhor perfume no mundo do que o cheirinho a bebé.
Sinto que vou cuidar muito mais de mim, por ela.
Sinto que de forma destemida sou capaz de dar a vida por alguém, no verdadeiro sentido da palavra.
Sinto um Amor imenso pelo pai da Maria, é o meu fazedor de Sonhos.
(...)

Adenda ao post anterior

Nasci em África, gosto naturalmente de dias grandes e cheios de luz.
Mas gosto também deste tempo, sou de todas as estações sem ter uma preferida. Talvez por ter vivido a oitenta quilómetros de África, no sufoco doentio de um ano inteirinho sem chuva, aprendi pelas saudades a apreciar as árvores nuas, a canção da chuva, o cinzento rato dos dias, a dança das folhas ao cair.
(...)

Outono


Dia mundial do Alzheimer


Hoje celebra-se todos os avanços e terapêuticas postas em prática na doença de Alzheimer. Da maneira que vivemos acelerados e deprimidos, acredito que venha a ser a grande epidemia do século.
Vale a pena ver o vídeo; como em tudo na vida, também na doença o Amor faz toda a diferença.


Cá com os meus botōes


Num mundo cheio de crianças com QI acima da média (dizem), parece-me apenas que por causa da estimulação que existe, temos muitas crianças precoces. Todas as mães naturalmente têm no seu filho o ser mais especial do mundo, e nesse sentido eu não serei diferente. Depois das perdas, de facto a Maria tem um sabor especial para nós e acredito que seja assim para muitos pais que tentaram uma e outra vez sem sucesso. Costumo chamar- lhe de meu pequeno milagre e gosto de minha bebé arco-íris. De resto só quero mesmo que ela seja uma menina normal, comum, saudável. 
Que sejas alegre, bondosa, tolerante, inteligente (afinal não quero poucas coisas). 
Não precisas de ser a melhor, só precisas de ser tu.
(...)

Um bebé arco-íris

Aquele que vem depois da tempestade, o que traz a bonança.

É a criança que chega ao mundo sã e forte, depois de a mãe ter sofrido perdas gestacionais. Estes bebés trazem algo mais do que felicidade, trazem a esperança e o necessário renascimento através do qual a família se irá recompor depois da perda de um filho.”
eresmama.com

A escolha dos padrinhos

Um tema complicado.
Tal como fizemos com a escolha do nome, decidimos o mesmo em relação aos padrinhos: o pai escolhe o padrinho e eu a madrinha. Tradicionalmente, se pensarmos em quem cuidaria na nossa ausência, faria todo o sentido ser um casal. E nós até temos o casal ideal. São pais de filhos crescidos, bem criados. São um exemplo de espírito de família, de sacrifício, de alegria. São gente que amamos muito e que temos a certeza absoluta que cuidariam da Maria como segundos pais.
Por outro lado, tenho aquela amiga de toda a vida, aquela amiga-irmã, que por fado do destino não foi mãe e que acabou de perder a mãe, pelo que faria todo o sentido dar-lhe a ela esta pequena alegria.
E depois nós as três, irmãs de sangue. Dos nossos filhos duas já fomos madrinhas, falta uma. Precisamente a mais insegura, com maior complexo de desamor.
O padrinho foi escolhido de imediato, sem margem para dúvidas.
A madrinha, serão sempre as três. Mas porque só pode ser uma no papel, decidi pela minha irmã. Não pensei muito na Maria, pensei em ser justa, um dos principais valores que lhe quero transmitir. Optei pela mais insegura, menos madura, com a esperança de que a minha bebé arco-íris faça dela também uma madrinha arco-íris.
Somos três irmãs, ficamos as três madrinhas dos nossos filhos.
Tão difícil respeitar o valor das coisas; praticar este exercício com os filhos deve ser o maior desafio. Eu acho que criança não tem que saber o valor das coisas, mas criança tem que aprender, tem que ter a presença de adultos que não se demitam da responsabilidade contínua e árdua de ensinar. Quando chegar a minha vez, acho que vai ser uma das tarefas mais complicadas enquanto mãe. O nosso mundo está uma selva a nível de consumismo, e os filhos não são só nossos. São também das escolas, dos amigos, dos meios de comunicação, (...).

A maior herança

Espera à Maria a sorte grande de ter duas Avós, mulheres muito fortes.
Dois verdadeiros pilares de família, duas guerreiras, duas Senhoras que souberam comer a vida à dentada quando foi preciso.
(...)

Sentir assim

E agradecer todos os dias da minha vida, ter cruzado o meu caminho com o do pai da Maria.

Quando se vive longe
















Tem muitos dias que é como viver fora de nós.
Os oito anos que vivi fora, foram uma espécie de período de latência na minha vida. Cresci muito, ganhei horizonte, aprendi o valor das coisas simples como o cheiro bom dos produtos da nossa terra, como o privilégio de termos ainda as quatro estações do ano, como ter todos os dias alguém nosso perto, como simplesmente não existir nenhum lugar mais belo no mundo do que a nossa casa, a nossa cidade, a nossa família; aprendi a gostar do Porto mais dentro, mais fundo.
Ficava doida cada vez que regressava a casa; batia as feiras todas, os restaurantes, comovia-me com as velhas na ribeira e as manhãs de nevoeiro; o tempo era sempre curto.
Aprendi contudo a ser mais calma, fiquei mais em sintonia com a vida; só viver fora me fez ter certezas sobre o meu lugar no mundo.
Todo o emigrante desenvolve uma certa nostalgia, como uma dor miudinha de uma agulha invisível que pica sempre no mesmo sítio, cada vez que chega a hora de ir embora.
Atrevo-me a dizer que são esses os que partem e sofrem, que mais amam Portugal; inclusive mais do que aqueles que nunca bateram asas.

Comove-me,


tanto.

Dias em Barcelona

Gaudi, a prever a obra inacabada



 Jesus

 🖤

 Símbolo de eternidade

 Sagrada Família

 O beijo de Judas; Criptograma

 A tristeza de Pedro; o galo canta três vezes

 Casa Batlló


 A Catedral

 O Mercado




 Hard Rock

 Artistas de rua

Vestígios da guerra civil espanhola