No was her name
No was the lion that no one could tame
But Faith was his name
Faith came around with a smile on his face
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Não tem sido uma semana emocionalmente estável, apesar de haver tanta coisa boa para registar numa espécie de checklist de Novembro quase quase cumprida. A Maria evolui bem, já temos quase 2kg de gente e começa cá dentro um nervoso miudinho e uma ansiedade boa por tê-la logo nos meus braços, olhar para ela, cheirá-la como o mais primitivo dos instintos humanos.
O quarto está finalmente pintado. As malas para levar para a maternidade estão prontas. Falta chegarem os móveis e finalizarmos este processo de véspera dos dias mais felizes das nossas vidas.
Também já colocamos a nossa tão simples decoração de Natal cá em casa, mas ainda não sinto o espírito. Zero compras de Natal feitas, zero vontade.
Fiquei um bocadinho abalada com aquela mãe - mais uma - que perdeu a bebé às quarenta semanas. Por mais que as pessoas me digam não vejas essas coisas, é inevitável e nem eu quero proteger-me numa redoma que não me conte o que acontece na vida real:
Todos os dias acontecem coisas que não acontecem todos os dias.
Depois este tempo cinzento sem dar tréguas, húmido, frio, aqui fechada em casa, não tem contribuído para grandes animos. Novembro foi sempre um mês de muda de pele. Fico introspectiva, peso o meu ano e tal como a semente no Inverno, fico mais quieta à espera de ganhar força.
(...)

Pessoas Sol

Desatar laços. Confesso que algumas vezes me causou desconforto na alma. Fica ali um hiato, como se a vida se dividisse em duas.
Pessoas que fizeram parte de nós, da nossa história, que acompanharam a par e passo as quedas e os altares. E que um dia, por alguma razão, deixaram de fazer sentido ao nosso lado.
Esta foi uma semana-chave, de encontros-desencontros, em que a vida me veio justificar a razão de ter sido assim. Sem mágoas, sem mal querer, com gratidão pelo que foi. Não deixar que fique um vazio no lugar daquela pessoa, preencher esse espaço com pessoas Sol, aquelas que são leves, que nos acrescentam riso e luz aos dias.
E perceber que a vida se constrói a sério com novas edificações, com o derrubar de muralhas frágeis para erguer muralhas novas mais robustas. Sem julgamentos porque eu não calcei os sapatos alheios nem ninguém calçou os meus. Mas com uma paz interior imensa, para deixar ir tudo o que não era para ficar.
Agora que estou finalmente em vésperas de ser mãe, percebo que é assim mesmo que eu quero viver a Vida: cada vez mais, sem culpas, a saber escolher muito bem quem quero que pertença ao meu mundo.
(...)

Natal



Dos anúncios mais bonitos e inteligentes que vi nos últimos tempos.
Direitinho ao coração.

Caro Presidente Marcelo

Antes de mais, que fique bem claro que gosto muito de si. Tenho a certeza de que é uma figura irrepetivel na História do povo português.

Esta semana veio a publico que no Natal apenas compra um presente, no máximo até dez euros. Que se reúne com os filhos e netos e fazem a tão simbólica troca, na qual cada pessoa vai ganhar apenas um presente.
Quem me dera fazer isso, dava cá um jeito financeiramente. Mas não sou capaz.
À conversa cá em casa, o meu Luís louvou-lhe a intenção de mostrar aos portugueses que há muitas formas de se viver o Natal, que não é necessário o consumismo desenfreado que se vive nesta época e que o essencial mesmo é estarmos juntos. Tudo muito bonito senhor Presidente, obrigado pela mensagem numa altura em que as pessoas perdem a cabeça e se endividam cada vez mais.
Mas sabe, existem de facto muitas formas possíveis de se viver o Natal. Quando eu era miúda, em nossa casa chegamos a passar um Natal apenas com uma sopa e sem um único presente para quem quer que fosse, essa forma certamente não iria o senhor dar como exemplo entre as tantas possíveis. De tal modo que a minha mãe, talvez pelo trauma de já o ter vivido, vive hoje o Natal com uma espécie de euforia, e mima os filhos e os netos com alguma anormalidade. Mas ela não é melhor nem pior do que ninguém. Ela apenas vive conforme as experiências de vida dela. E eu estou-lhe imensamente grata, pelos Natais mais pobres e pelos melhores também. Porque penso que graças a isso, eu fiquei no meio termo: nem gasto fortunas nem uso os trocos no fundo do bolso.
Concordo consigo que cada vez nos fica menos bem o consumismo. Mas hei-de sempre sentir-me feliz se puder mimar com um presente melhor quem mais amo, e a acontecer faz tanto sentido que seja no Natal.
Outra coisa. Muito provavelmente os seus filhos e netos já ganham presentes ao longo do ano e da vida nada simbólicos comparados com os do português comum. Por isso deixe-nos viver esta quadra sem culpas nem sentimentos de inferioridade.
O Natal mais feliz acontece em muitas casas, de muitas maneiras diferentes.

Sobre a educação que lhe vamos dar

Não gosto de ver pais e mães beijarem os filhos na boca. É algo que faz lindas fotos, que até mesmo as figuras publicas promovem, mas que nem eu nem o pai da Maria iremos fazer.
No tempo em que ainda dava consultas de Psicologia, tive algumas situações rocambolescas que me fizeram ter a certeza que esse é um comportamento que apenas desprotege as crianças.


Não quis falar nisso no dia do meu aniversário, mas fez dois anos.
Dois anos que eu perdi a nossa primeira sementinha. A que sem vingar, também me marcou para sempre. Depois perderam-se mais duas, para ficar a Maria.
(...)

41

Meu aniversário.
Dia pleno, cheio de momentos bonitos e pessoas generosas.
Hoje visitei a sala de partos e o bloco operatório.
Exausta mas feliz, muito feliz.

A vida feita de decisões



(re)Nascer, aos sessenta.
E depois disso, ganhar ainda um Prémio Nobel da Literatura.

A Casa de José Saramago, Lanzarote del mar













Visitante 107.

O quarto da Maria

O caos. Ainda não está completamente pintado, ainda aguardamos pela chegada dos móveis.
Entretanto compramos apenas duas peças decorativas, que vão ser estrela.
Uma kinda, na Zara Home. É um elemento que lembra África, que é manufacturado e além de decorativo tem utilidade para guardar meias ou brinquedos.
Uma peça de autor, única, que vi exposta numa galeria em Miguel Bombarda. O cometa do Principezinho, onde também não faltam a rosa e a raposa. É algo muito pessoal, que faz parte da minha história com o pai dela. Uma espécie de nosso retrato de Família, em que o pai é o Principezinho, eu a raposa e ela a nossa rosa.

Qual ave Fénix

José Mourinho.
Deve ser a personalidade portuguesa do mundo do Desporto que mais admiro. E de todos os jogadores da actualidade, o Bruno Fernandes parece-me o verdadeiro diamante por lapidar.
Seria muito bom vê-los juntos numa nova época dourada para ambos.


Close your eyes
Count to ten
You'll be fine
Take my hand

I got you
And you got me
Like the colors got the blue
I got you
And you got me
Like the numbers got the two

O nosso mundo

Vai como um velhinho cansado.
Nos últimos tempos pululam as noticias trágicas, toda a gente parece trazer o seu demónio particular à solta, a simplicidade e os valores deixam de valer, a ambição geral assusta, o consumismo e a prepotência dominam, pouco se luta e muito se mendiga.
Somos nós. Que estamos a viver à toa, sempre imediatamente prontos para o conflito seja ele qual for, numa exasperante pobreza mental geral.
Eu própria me sinto cada vez mais intolerante, menos disponível. E é precisamente agora que vou ser mãe, que percebo que devo contrariar isso em mim. Um mundo melhor não se faz da sorte, faz-se dos bocadinhos de todos os dias, tecidos por cada um de nós.
(...)
Fico azeda com as calinadas dos últimos tempos da Justiça em Portugal. E com a morte lenta do andor da Saúde. No outro dia vi o Presidente Marcelo reforçar a necessidade do apoio aos sem-abrigo e que hipócritas somos, há mais de uma década que deixei de trabalhar com esta população e já a conversa era esta. Deve dar imenso jeito a muita gente que continue a ser.
Do outro lado do mundo, arde a Austrália. Crash boom bang, nem quero comentar.
As pateiras carregadas de gente que se faz ao mar em barquinhos de plástico, continuam a chegar: em apenas dois dias chegaram quase cem pessoas, incluindo crianças e bebés, à minúscula ilha onde residem os meus pais. E outras questões tão altas e relevantes quanto a solidariedade levantam-se; mas é preciso ter coragem para as saber discutir.
Paralelamente anunciam que na China surgiram três casos de peste negra e eu só consigo pensar que em Lisboa aconteceu há quase quinhentos anos!
O lado menos sinistro e ao mesmo tempo mais dramático da coisa, é que só trazendo uma Ébola para a Europa, se consegue uma vacina. Tremendos dilemas deste mundo à deriva. A falta de frontalidade e de acção vai levar-nos a todos, muito em breve, a alguma epidemia mundial. Pobre velhinho cansado, um mundo onde nos parecemos tanto com a fruta injectada: doentes por dentro e suspeitos por fora.

Os filhos são uma carta fechada

Ouvi a minha avó repetir esta frase vezes sem conta, depois a minha mãe. A cada desgosto ou contrariedade, sobretudo.
Procuro ter alguma cautela com sonhos e expectativas em relação à Maria. Quero que nasça perfeita e com saúde, e que depois cresça em segurança e com paz. Para ser uma criança calma, com energia mas calma. Para poder ser uma menina boa, e este é o meu maior desejo para ela. Quero que aprenda a sorrir, a ser simpática com os outros. Que não destrua os brinquedos e os livros, que eu tenha a devida paciência e sabedoria para ensiná-la.
Depois disto, a Maria vai crescer e vai ser o que ela quiser ser. Depois de a preparar a ela, chegará o tempo de ter que me preparar a mim.

Uma vida a dois

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Mais do que tudo, temos sido companheiros.
Há dias como o de ontem, em que toda eu pareço uma bomba relógio. Ele enche-se de paciência, de silêncio, e fica quieto a ouvir-me suspirar saturada cinquenta e sete vezes seguidas. Mas é sobretudo quando me abraça, ás vezes só na manhã do dia seguinte, que eu volto a sentir que está tudo bem, que os dias não vão ruir, que o bicho papão do medo não me vai engolir, que aquele colo é a minha casa sagrada no mundo.
Há outros dias em que ele diz alto o que pensa e pensamentos de Peter Pan num homem de quase 42, fazem-me tremer as bases. Mas é justo aí, no ponto dos nossos cansaços e fragilidades, que sabemos exactamente o quanto nos amamos.
Juntos, estamos prontos. Para o destino, para a sorte e para o azar.
(...)

Eu sei

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E as pessoas, sobretudo as ex-grávidas actuais mamãs, dizem-me muitas vezes sem dó nem piedade. Que estou boring, que passo os dias fechada em casa, que assim a Maria vai ser uma enjoadinha.
A maior parte dessas ex-grávidas não o foi aos 41 como eu, sem que isso seja desculpa para nada. E depois é aquela velha historia dos sapatos quando nos apertam, é exclusivamente a nós que magoam. Eu sei das minhas limitações, sei como fico exausta com muito pouco, sei que acabei de curar uma gripe e não quero apanhar outra, sei que o parto está próximo e devo repousar o mais possível pois vai ser um momento de extremo dispêndio de energia.
Quando ela nascer, talvez por uns tempos as coisas acentuem ainda mais, porque eu vou querer dedicar-me exclusivamente a ser mãe.
E só então depois, passando esta fase, terei a vida inteira para o resto. Por isso mundo, espera. Agora é a minha vez.

Acho uma delicia

Os brinquedos do IKEA, desenhados por crianças para crianças.
Uma das coisas que desejo muito, é ficar parada na soleira da porta a ver a minha filha brincar. E brincar com ela.

A minha gravidez

Apesar dos sustos, dos medos e das duvidas, tem sido preenchida por muita sorte e uma imensa luz que me chega através das pessoas que me rodeiam. Desde médicos a enfermeiros, passando pelos avós da Maria, pelos tios e primos, por aquelas duas ou três grandes amizades, pelo meu Amor que tem sido o meu grande apoio nesta experiência tão bonita e única, sinto que tenho sido abençoada pela Sorte em tudo.
A minha bebé milagre tem sido a minha grande companheira na luta: nada de enjoos, peso controlado, poucos episódios de azia, tensões impecáveis, os meus dentinhos continuam cá todos vou entrar nos 41 com a dentição completa, nada de infecções urinárias nem pontapés à Ronaldo.
Os meus dias são feitos de Paz, Tempo, Silêncio e Amor. Depois eu junto-lhes uma pitadinha de vontade de chorar sem saber porquê, um nadinha de aborrecimento que só me faz ter vontade de estar quieta e sozinha dias inteiros, nervosismo ansiedade e stress qualidade inexplicável, zero paciência com um avião na linha de horizonte.
Hoje na consulta cruzei com uma mamã com 26 anos, com uma gravidez de risco devido a ser portadora de uma doença grave, com cinco meses de gravidez sem barriga, magrinha magrinha. Ainda não consegui parar de pensar nela. O mundo e a vida parecem afectar-me em dobro e por mais que me digam que é normal as grávidas sentirem assim, recuso-me a olhar-me como apenas mais um indicador estatístico de normalidade. Apetece-me gritar sabem, bem alto.

Talvez seja este o período mais fértil e rico de toda a minha Vida.

 Ainda não estou desesperada mas se me perguntarem se estou bem, não estou. Virei elefante, passo a vida a tossir e com falta de ar.
Nos últimos dois dias parece que me passou um camião em cima; só estou bem na cama.
Para completar o andor, lembrei-me de andar a ver vídeos de partos naturais e cesarianas.
(...)

Seja qual for o muro

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Hei-de estar sempre aqui para ti.

And the Oscar goes to

Em modo comentadora oficial da actualidade, entrego o prémio da semana à Senhora Juíza do Supremo Tribunal, pelo Não ao habeas corpus pedido em favor da progenitora que abandonou um bebé no lixo sabe tão bem sentirmos que afinal ainda podemos acreditar na Justiça.
(...)

Os dias mais bonitos do ano

São estes; dias de muito frio, cobertos por um imenso céu azul e um sol vivo resplandecente.
Sexta-feira tão generosa, cheia de uma luminosidade que nos lava por dentro.

Torres de Babel

Sobre o encontro quinzenal da mão cheia de políticos e aspirantes na AR: ri-me até não poder mais quando a senhora Joacine se pôs a poetizar sérias decisões politicas sobre o aumento do salário mínimo nacional, usando termos como amor ou desamor; e o senhor António Costa lhe deu uma lição cheio de estilo, dizendo-lhe que ali, na AR, se falava antes de questões de Justiça Social não sou a única a achar que esta senhora não percebe nada de Politica.
Por outro lado simplesmente adorei a intervenção do IL, na voz do senhor João Cotrim Figueiredo palmas para a intervenção inteligente, quando falou sobre a hipocrisia do Prémio de Assiduidade com que o senhor Costa pretende privilegiar a Função Publica é só mais uma muito ao estilo PS.
Assim vamos.

O curso Preparação para o parto

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Está a ser a experiência mais bonita e enriquecedora.
Como futura mãe e como ser humano. Há tanto de mágico e misterioso na concepção. Em apenas duas aulas a enfermeira Sandrine - aquele Sol de gente - transmitiu-me conhecimentos que nunca antes ouvi da boca de mãe alguma, nem mesmo das mais experientes.
(...)

Em modo explosão

Ando exausta. Olho à volta e tudo me parece tão em modo banho-maria. E apenas eu com esta pressa que até me corta a respiração se penso mais a fundo no assunto. A casa está de patas para o ar, eu cada vez com menos destreza para fazer seja o que for e a panicar com tudo o que está a ficar para fazer depois, como se depois eu fosse ter tempo ou genica. Se saio e ando a pé quinze minutos, sinto que se acciona uma bomba relógio aqui bem ao fundo da barriga. Quinze minutos minha gente, ao fim de quinze minutos esteja eu onde estiver só quero voltar para casa.
As noites são quase trágicas, mal durmo e não tenho posição.
Agenda, qual agenda? Consultas atrás de consultas e eu fartinha até ao osso.
A labilidade emocional, essa então, hoje ficou no limite; lá me caíram quatro lagrimonas sozinha.
Novembro é o meu mês, desde que me conheço que costumo "mudar de pele" nesta altura do ano. Mas desta vez, talvez pela gravidez já no sétimo mês, a muda de pele está a custar-me um bocadinho mais.
Só quero estar sossegada e quietinha, apetecia-me dormir até ao Natal.

Aquela progenitora

Não posso ser critica, ter voto na matéria, whatever, para julgar uma mulher de 22 anos que viveu uma gravidez na rua, sabe-se lá bem em que reais condições, que deu à luz na rua também ela abandonada à sua sorte. Parece-me tudo tão duro e cruel que não me alargo a reflectir sobre isso.
Mas minha gente, é preciso separar o trigo do joio.
Hoje ouvi comentadores televisivos a tocar na hipótese de este bebé voltar para os braços da progenitora, criando para isso melhores condições para ambos. A sério? Fico chocada.
Fosse qual fosse a triste sorte daquela mulher, ou a condição mental dela no momento, foi uma tentativa de homicídio. Sem floreados, foi isso que foi.
A realidade crua?
Ambos a viver na rua; ela tentou matar o próprio filho, ele voltou atrás para tentar salvar o que pensava ser um gato. Mais uma para o Bergeret.
Esse fosso atroz entre os seres humanos há-de sempre existir, quer estejamos a falar de sem-abrigo ou de alpinistas ou de gente com vidas comuns.

Em nome de todos os portugueses

Foi lá e agradeceu ao senhor Manuel Xavier.
Gosto muito do Presidente Marcelo. Acho-o genuíno, interessado, personagem humanizada como poucas da actualidade. Revela ter sérias preocupações sociais. Dificilmente veremos outro na mesma linha.

INTERNATIONAL SUMMIT ON PSYCHOLOGY AND GLOBAL HEALTH

Recebi um convite da Ordem dos Psicólogos Portugueses para estar presente nesta cimeira organizada pela OPP e pela APA, mas lamentavelmente devido à minha condição física não vai ser possível. De qualquer forma fico muito feliz que estas coisas estejam a acontecer.
Vai ser em Lisboa, já nos próximos dias entre 14 e 16 de Novembro.

Paradoxos

Quem salvou quem, o sem-abrigo ao bebé ou o bebé ao sem-abrigo?
Merecia sem duvida uma bela dissertação ao estilo Jean Bergeret.
(...)

Uma forma de estar

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Allways looking for the bright side of life
Tenho lido muita coisa sobre produtos e marcas para bebés, muita coisa mesmo.
Entro em fóruns e esmiúço reações e nível de satisfação de mães e bebés. Procuro artigos científicos e garantias de qualidade, vejo vídeos, comparo preços. Descobri que a minha farmácia de toda a vida, que me faz 20% de desconto, ainda assim continua a ser mais cara do que a Well´s. Aprendi a jogar com as promoções como uma campeã de xadrez. Percebi que se calhar não vou usar tudo da Jonshon's como previ inicialmente. Em todo o caso será a Maria quem vai decidir o que melhor se vai adaptar à pele dela. Mas já fiz compras, que se correrem bem na primeira utilização, são as que definitivamente nos vão acompanhar. Algumas das escolhas:

Toalhitas: Water Wipes
Creme para os mamilos: Purelan 100, da Medela
Para prevenir assaduras e proteger o rabinho da nossa little mermaid: Eryplast E45 (pasta de água); Halibut
Fraldas: vamos começar com as Dodot Sensitive
(...)

O antes e o depois


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Numa conversa recente, ao telefone com a minha irmã mais nova, mãe de dois filhos, ela solta-me aquela bomba Estou a pensar fazer uma lipoaspiração. Numa atitude completamente descomplexada e sem rodeios, ela atira com aquilo justamente à irmã mais velha e conservadora da família. Sempre achei que temos coisas tão mais importantes e urgentes a que dedicar-nos na vida, sempre vi estas necessidades como fúteis. De repente, ela na simplicidade da idade jovem que ainda tem, resumiu aquilo a simplesmente cuidar de si mesma. E porque não? Eu não o faria, mas dei comigo a admirá-la por ser capaz de o fazer como quem vai fazer um branqueamento ao dentista.
Agora que peso 72kg e tenho momentos de sentir que vou rebentar, que trago este cabelo rebelde a não poder mais, que nem sequer consigo fazer a depilação e que até já dormi com uma cueca descartável tipo Dodot (para testar se são confortáveis para levar para a maternidade), dou comigo a sentir muita vontade de fazer mais e melhor por mim quando recuperar a minha forma física. Ansiosa por retomar grandes caminhadas e beber litros de água aromatizados com canela e citrinos; começar! Admiro aquelas mulheres maduras que conheço (felizmente estou rodeada por algumas), bonitas e cuidadas; devo observá-las mais e abandonar a preguiça em mim. É um bichinho a roer cá dentro; já com 41 anos e mãe, tenho a impressão de que vou sentir-me mais bonita do que nunca. Eu que nunca fui vaidosa, tenho a impressão de que vou passar a sê-lo. É possível depois dos quarenta? Oh yeah!

Novembro

Tantas coisas para fazer.
Preparar a minha mala e da baby para o grande dia. Decorar a casa para o Natal. Fazer ultimas compras e arrumações do ano. Aproveitar estes últimos tempos de preguiça sem culpas, encher-me de sossego e de silencio. Iniciar uma nova organização mental e financeira na minha vida, tudo vai mudar para sempre muito em breve.
Deve chegar o quarto da Maria; decorar e arrumar o closet dela.
No meu aniversário acender uma vela branca, talvez cortar o cabelo.
(...)



"Y tirare semillas a la tierra, 
Semillas que muy pronto brotaran"

Bom dia Vida

E de novo as palavras daquela enfermeira sábia, enquanto eu chorava e perdia sangue:
"A natureza é perfeita, ela nunca se engana e ela nunca falha. Pode estar com esta hemorragia e ter outras ainda, mas se a natureza decidir com força que essa criança vai nascer, contra ventos e marés ela vem."

Penso naquele bebé, nascido sabe Deus em que circunstâncias, abandonado num caixote do lixo em pleno Outono com ares de Inverno, despido, desprotegido de todo, e que a plenos pulmões chorou a pedir socorro. Preso à Vida, não tenho duvidas.
E penso naquele sem-abrigo. E fico sem palavras para descrever como me comove tamanha lição de humildade deste homem, que ouviu o que parecia ser o miar de um gato, e voltou atrás.
Quantos bebés nascem em maternidades, hospitais, clínicas, com todos os cuidados, e não sobrevivem...
A enfermeira tem razão, o que a natureza decidiu que vai ser, será.

Olha que coisa mais linda

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Adoro a imagem de marca da Benetton. A Maria vai certamente ser cliente.

O ADN deste blog

Muda hoje.
As imagens deixam de ser exclusivamente de minha autoria.
Sempre que não divulgar a fonte, serão minhas.
Mas gosto demais de fotografia para ficar limitada ao flash do meu segundo olhar. Quero partilhar a luz boa de muita coisa bonita que vou vendo por aí. E se houver algo em contrário no sentido de algum abuso, assinalem, que eu retiro imediatamente.

Crash boom bang

Se me rompe el corazón.

Ainda estou a digerir a ultima semana.
Dois ou três episódios inesperados que me tocaram e de alguma forma, me moldaram. Coisas tão minhas que ficam entre mim e o silêncio. Talvez no futuro eu pegue nelas e faça um avião de papel.
Ou talvez esteja só aborrecidamente mais frágil, e tudo não passe além da velha máxima Crescer dói.
Falta tão pouco para a Maria chegar; e Deus, na sua infinita sabedoria, vai-me esclarecendo. Vai-me fazendo perceber o que é essa coisa de virar leoa ou qualquer bicho que faça falta, por ela. Vai-me mostrando que além da frescura da fragilidade, estará uma montanha de valentia sempre que for preciso, especialmente quando nos depararmos com o inesperado. E que não é preciso discutir nem argumentar quando a voz do nosso coração é clara como a água. 
(...)
Estou tão calma, a quietude também é uma resposta.


Lembro-me que na primeira vez que vi este filme, muito longe ainda de pensar na maternidade, esta cena me comoveu até aos ossos; muito mais do que aquelas vergastadas impressionantes que acredito que muitos de nós ao ver o filme, as sentiram no próprio lombo.
Quando vi Maria recordar-se como corria para amparar o filho quando era criança e caía, e o fez instintivamente àquele Homem adulto que já não era dela, lembro-me de ter pensado: "Então ser mãe é isto, só pode ser isto. Ficam nossos e pequeninos para sempre." 
Um sentimento maior do que todos os sentimentos maiores explicáveis.

Uma senhora constipação

Com direito a uma valente dor de garganta. E eu a já não suportar o mel e os cítricos. Ainda sem recorrer ao ben-u-ron como única alternativa que tenho, e a ver se a sorte grande continua do nosso lado e nos safamos desta.