Muita vontade de ver

Só o RAP


Para tornar a coisa divertida!
Não há massas para gastar neste Natal, não há mesmo. Poderia ficar triste com isso mas estranhamente  não é o caso. Ainda hoje dei uma volta na baixa e pareceu-me tudo tão anormalmente caro que eu estando desempregada fico de fora. Tenho os três aniversários mais importantes da minha vida entre Dezembro e Janeiro: a minha filha, o pai dela e a minha mãe. Com eles vou fazer a minha pequena extravagancia (e ficar lisa), são datas especiais. Este ano nas festas vou ser pouco generosa em bens materiais, mas curiosamente não me lembro de me sentir de coração tão cheio. Por isso vou distribuir beijinhos, chocolates e abraços. E muitos desejos de coisas boas, sorrisos e pós de perlimpimpim.

As coisas são só coisas. Continuo a preferir uma camisola boa em vez de dez fracas, mas cada vez sou mais desprendida de bens materiais. Não me importa não receber (nunca me importou, acreditam?), já não me importa tanto não dar se não puder dar. É assim a vida e em nada me parece trágico que assim seja; trágico é passar fome e frio. E não ter Natal à mesa com a Família.

Felizmente o riso bom das crianças ainda não depende de ganhar setecentos brinquedos. Nós os adultos é que achamos que sim.

Abraços, muitos abraços apertados. Que é o que faz mais falta às gentes.

Chocante

O mundo em que vivemos 

A Maria a encher-me o coração

Ontem de manhã disse-me "Mamã adoro ir para a escola." 

(...)

Á noite comeu tão bem arroz de bróculos e salmão grelhado: "A Maria gosta tanto de arroz de beduras." 

Da bipolaridade dos dias

 



Temos alternado equitativamente entre dias de chuva intensa e dias luminosos. O frio a sério já chegou. E os meus dias preferidos no ano também.

No ultimo fim de semana

Fomos felizes.

Aprendemos que em tempo de Outono e Inverno, quando espreita um raio de sol, devemos correr a aproveitar. Foi o que fizemos no sábado, pegamos na miúda e fomos até ao mar. Foi mesmo muito bom.

Á cata do nada

 como sempre.


do vibrante, do perfeito modo clean e beauty da natureza

da Vida á espreita num muro contiguo a um terreno baldio

Mãedfulness

Já perceberam que o termo não é meu, mas eu adoro. É da Mariana Bacelar, que descobri nuns caderninhos amorosos que li durante a minha gravidez:

"Dentro do nosso coração deve acender-se um aviso vermelho sempre que, em vez de crianças normais temos crianças perfeitas. As crianças normais fazem disparates, não se querem pentear, falam alto, choram, querem usar dois sapatos diferentes, batem quando não sabem como dizer que estão muito zangadas, não querem entrar no banho, não contam como foi o dia, não param caladas, não comem, não querem dormir sozinhas, fazem birras monumentais, perguntam coisas embaraçosas, não querem vestir o casaco, querem brincar e não fazer fichas em silêncio. Deitam a língua de fora, acham graça a dizer asneiras, têm medo de bruxas, comem esparguete sem modos, não gostam de trabalhos de casa, arriscam, pintam paredes, pegam-se com os irmãos. Está tudo bem com as nossas crianças reais."

Num mundo balofo de crianças sobredotadas (que as há), o importante mesmo é percebermos a nossa criança, a que temos lá em casa. A Maria fala alto, não para calada, tem medo do boi preto, não quer dormir sozinha, pinta as paredes de casa, desarruma setecentas vezes a tralha dela no mesmo dia, rasgou alguns livros o que me entristeceu muito. A Maria é ela, o nosso maior tesouro. Dona de uma inteligência impar que nos cativa. Mais do que isso a Maria é um teste constante à nossa compreensão: foi difícil mas aprendi a ficar feliz com algumas asneiras dela. O que queríamos mesmo era que todas as crianças no mundo tivessem as mesmas oportunidades: serem olhadas só como crianças normais para além da diferença seja ela qual for, com os seus direitos salvaguardados.

And so this is Xmas

 


Centro Comercial da Foz

Todos os anos apaixono-me por uma árvore de natal na rua. Este ano foi por esta.

 

tuas 2 voltas completas ao Sol: "Maria, mamã e papá"

"Quando for grande quero cozinhar como o papá e dar beijinhos bons como a mamã."

Bom demais filha.

Hoje


Em modo repeat.

 



Não tarda nada acabam-se os tapetes de folhas, que eu adoro mas que devem enlouquecer a cabeça aos varredores de rua. Aqui e acolá, algumas árvores já estão nuas. É agora que entra aquele frio que gela a alma, preludio do rigor do Inverno e do aconchego que sabe a Natal.
Perdi a calma no tempo, dentro de mim há um susto pela efemeridade dos dias. Ainda agora começou o Outono e já cheira a Inverno.
(...)

44

Meu aniversário. Foi na passada terça-feira mas apesar de estar a viver uma vida de dona de casa e só ter uma filha, só hoje consegui vir cá escrever:

Duas cadeirinhas viradas para o Sol, é assim que quero que seja o meu novo ano de vida. 

(...)

O que almejo? Um emprego top, onde eu seja feliz e faça feliz. Tudo o resto já tenho, e com imensa gratidão peço a Deus que se mantenha.

(...)

Aniversários são patamares. A gente chega, inevitavelmente detém-se, reflete, pratica o exercício maior da gratidão - porque estar viva é a grande dádiva - e fica ali algum tempo a fazer o balanço, especialmente depois dos entas. Sinto que envelheci por dentro e por fora. Estou feliz por ser assim porque não é mais do que o fluir normal do curso da vida. Estou cá. Trago um olhar de desencanto sobre o nosso mundo, mas ao mesmo tempo estou ainda mais atenta às pequenas grandiosidades milagrosas de todos os dias.

(...)

Cá em casa passamos os três o dia juntos. Os meus dois Amores cantaram-me os Parabéns a plenos pulmões, apesar de termos a COVID entre nós. Foi o melhor aniversário de sempre: chovia tenebrosamente lá fora e nós fechados na nossa bolha de Amor e Fé.

(...)

O presente que dei a mim mesma: reconciliar-me com a Vida. Abrir de novo, de par em par, as janelas da minha alma.

Esta idolatria pelo Outono



Não é só romântico, é muito engraçado. Por causa da potência vibrante dos cinco minutos de raios de sol em meio do mais tenebroso dia cinzento, e do que isso causa em nós. Por causa dos pequenos milagres: ao mesmo tempo que tenho sol na frente da casa, nas traseiras chove.
(...)

Mãedfulness

"Acredito, cada vez mais, que o que de mais sagrado existe na paternidade não é educarmos e ajudarmos  os nossos filhos a crescer. É deixar que eles nos transformem, nos eduquem para sermos pessoas melhores.

Deixar que eles dissolvam os muros de pedra que fomos construindo à nossa volta para nos proteger do mundo, deixar que eles rasguem as máscaras frágeis e patéticas que fomos usando para enfrentar os outros, deixar que eles destapem as feridas da nossa própria infância, que as lavem - tantas vezes à custa de lágrimas nossas e deles - e as cicatrizem, para podermos seguir em frente, livres, autênticos e finalmente crescidos.

São os nossos filhos que nos ajudam a crescer a nós."

Mariana Bacelar

Eu sei lá

Após a maternidade, e com o esganar dos dias, com os nossos empregos agressivos, com a incerteza e o medo de tudo que agora desenvolvemos, com o cansaço que todos sentem mas que ninguém consegue explicar muito bem de onde vem - deve ser do Outono - que se tornou endémico ao ser humano e que nos mina a energia e alegria, a euforia e o tesão; o prazo de validade dos casais está cada vez mais curto. Também acho que hoje em dia já ninguém tem paciência para colar cacos, já nem se usa sequer. É grave quando o sexo deixa de acontecer numa contagem que ultrapassa dias, semanas, e entra na contagem de caixas de pilula inteiras sem acontecer. Mas mais grave ainda é não tentarmos perceber os timings que os miúdos nos exigem, a pressão que o passar dos anos implica às ambições ainda não cumpridas, as diferentes fases da vida em que há menos sexo mas há mais amor.

Se um dia tiver que me separar do pai da minha filha, há-de ser por muito mais do que falta de sexo. Mas que nunca nos falte.

Eu sei lá...

Outono







Quanta paixão e ardência, na vida colorida, presa por um fio.

Mercado do Bolhão

Difícil escrever sobre o renovado mercado. Sem por em causa que foi uma obra grandiosa, que o mercado totalmente a ruir verdadeiramente precisava, senti-me estranha e estrangeira ao passear pelo novo mercado. As caras mais emblemáticas e antigas do antigo mercado, já não encontrei mais. Achei tudo com muita luz mas muito cinzento e frio, vaya contraste de emoções. Mais ou menos temos um mercado para o mundo, mas deixamos de ter o nosso mercado da cidade, do povo, aquele que era do zé antes de ser de  mais alguém.

Senti uma saudade profunda do antigo mercado, agora que sei que nunca mais o vou voltar a ver.

Afinal foi só um acidente

Mas mesmo assim a culpa é do Putin.

Já não há paciência para o jogo de xadrez que se tornou esta guerra. Menos mal que algumas máscaras vão caindo, para quem quiser ver.

Os cem anos do nosso querido Saramago

Dizer-lhe que sinto uma falta profunda do pensador que foi. Sei lá o que daria para saber como veriam os olhos e o coração dele a actualidade que vivemos.

O Cristiano Ronaldo

Sendo quem é, infelizmente provou na pele aquilo que tantos de nós - em especial tantas de nós - sentimos na pele quando maternidade se sobrepõe a trabalho. Ainda vivemos num mundo onde a maioria das chefias vê neste compromisso pessoal um grande empecilho. Isso dos miúdos ficarem doentes e por causa disso de alguma forma começarmos a cheirar mal aos patrões, infelizmente acontece, não só a quem ganha o salário mínimo mas pelos vistos também a quem ganha milhões. É interessante que seja um homem a falar nisto, e eu estou-lhe muito grata por isso.

Mais, um dia alguém me dará razão: quando a violência psicológica exercida pelas empresas tem como alimento o exercício da nossa maternidade ou paternidade, isso é bullying. Não há nada que nos possa ferir mais.

Tempo

Tempo para ler. Para namorar muito a minha bebé, para rir com ela até nos doer a barriga. Tempo para jardinar, para fotografar. Tempo para aquele raio de sol no meio do inverno rigoroso. Tempo para dormir, para escrever. Tempo para voltar aos meus poetas. Tempo para apreciar, para organizar. Tempo para voltar a estudar só aquilo que me faz feliz.

Tenho tido tempo para alguns regressos. Coisas que eu já nem sabia muito bem como fazer. E esta é só a coisa mais preciosa que eu poderia ter recuperado.

Do que não muda

Ontem enquanto jantávamos, vi no noticiário o testemunho daqueles rapazes timorenses a viver nas ruas em Lisboa. Ultrapassa o alucinante e triste. Somos uma nódoa como tecido social.

(...)

Reclamar de barriga cheia

Nestas vidas de estar desempregada e passar a gerir o dia a dia com outro olhar - infelizmente continuo a ser uma péssima gestora financeira - vou simplificando na cozinha e de repente até percebemos que tínhamos saudades daquelas comidas mais simples, que até nos lembram a nossa infância. A Maria sempre esteve em primeiro lugar, mas agora que é importante priorizar também nos gastos, a Maria solidifica esse em primeiro lugar. Gostamos muito de estar em casa e de estar os três juntos, e isso é uma grande coisa em tempos em que por um pé fora de casa é quase por si só sinal de despesa. Também saímos e também vivemos, mas cada vez menos - e continuamos ainda assim, apesar de tudo, a ser dos que mais têm na vida. Eu nunca fui vaidosa, passo tempos sem pisar um cabeleireiro, acho que por causa disso sofro menos qualquer consequência. Por outro lado há sempre algum livro que quero comprar. Nas ultimas idas ao palácio dos pobres, como chamou a querida Agustina aos supermercados, percebo a gravidade dos aumentos dos preços e começo a ficar obcecada pela tendência inversa. Um dia eu juro que venço a máquina.

Acho que a célula Família que se tem vindo a reestruturar já desde o inicio da pandemia, continua um processo de evolução importante. A duras penas vamos compreendendo a importância da paz e da alegria dentro de casa de cada um. Já em pequenina ouvia a minha avó dizer que mais valia um pobre feliz a comer uma sardinha do que um rico triste a comer um belo bife. Agora já nem a sardinha é coisa pouca. Mas a verdade é que o sentido profundo está lá, e continua actual.

(...)

Querida Maria


Amadinha da mãe. Adoro este vídeo porque sempre que o vejo, vejo-te a ti na tua relação tão diferente e especial com o mar. É mesmo mágico sabes, é mesmo bonito de se ver.

Saindo a flote


Vou desmistificando fantasmas a quem eu dei poder de me intimidar. Começo a perceber que aos 43 me sinto mais definida como pessoa graças a todo este processo doloroso que tenho vivido nos últimos meses. É engraçado como realmente o que não nos mata nos torna mais fortes, tão certo com a mais exacta equação matemática.
De resto acreditar cada vez mais em mim, na natureza, nas emoções.
Neste processo de dias de muita apatia emocional, foi curioso sentir que mesmo no fundo da minha fraqueza, nunca aceitei que fosse posta em causa a minha Fé.
Olho para trás e já me consigo rir, de quem quase me matou e até mesmo de quem achou que tinha o poder de me salvar: incrível.

Voltei a sentir a vibe.

Hoje de manhã quando deixei a minha filha no colégio, senti um orgulho enorme naquele ser humano com dois aninhos de vida e sabedoria de mocho. Nesta minha vontade férrea de criar um bom ser humano, ela corresponde de maneira que me comove.

Nem vale a pena partilhar aqui o que foi que ela fez afinal. Importa que vim para casa a reflectir muito na educação que lhe estou a dar, na que lhe quero dar. Não tenho duvidas de que somos mesmo nós adultos que desconstruimos as crianças, em cada coisa simples e de direito delas que lhes roubamos.

Pai e mãe devem ser instrumentos do Bem. Ás crianças não pode faltar amor, risos, boas palavras, a caminha quente no Inverno, a comida na mesa, a rotina do banho, todos os mimos. Converso muito com a Maria e percebo a cada dia que ela entende muito mais do que parece. Não, não é uma menina sobredotada nem temos interesse em que seja. É só uma menina feliz, já com ferramentas para fazer felizes os outros ao seu redor.

(...)

Assunto sério

Mesmo

A marrar faz tempo

numa frase da Frida:

"Não estou a pedir para você me beijar. Não peço que me diga como sou bonita, mesmo que seja mentira. Não vou pedir que você me ouça quando tenho mil histórias para contar. Porque se eu tiver que te pedir, já não quero mais..."

A modos que

a gente aprende. Ao fim de 357 pauladas bem dadas, pelo menos já não ponho a cabeça a jeito para mais nenhuma. Quero com isto dizer a todos os senhores recrutadores que é uma tremenda falta de conhecimento, respeito e classe colocar nos requisitos exigidos aos candidatos a pérola "capacidade para trabalhar sobre elevado stress". Já todos sabemos que mais ou menos nos há-de ser exigido no caminho. Mas porra! É que isso que vocês atiram para o meio dos outros requisitos como se fosse a premium skill, é tantas vezes um atentado à saúde mental dos demais. 

Por acaso considero que até tenho essa capacidade, mas para trabalhar bem sob elevadas doses de stress constante, não há salário que pague meus caros. Não peçam, não exijam, fica mal.

Há coisas que de todo, não se pedem.

Promovam ambientes de trabalho saudáveis, que é o que está na moda. E vão ver que se surpreendem e encontram gente com capacidades extraordinárias.