De bem comigo mesma

Ajuda muito o ambiente que criamos em casa. Rodeio-me de silêncio, muita luz, plantas, aquele pequeno detalhe em macramé, cascalho das árvores, livros, velas brancas, um altar, pedras de qualquer rua e conchas do mar. Tenho a mania herdada da minha mãe, de que haja sempre uma cesta com fruta.
Quero trazer um limoeiro para viver connosco; há-de sempre faltar-me um gato que se chamaria Sinatra. Destralho tudo o que posso, ao mesmo tempo começo a ter cuidado em não atirar por uma janela e deixar entrar pela outra.
Quase não ouço musica, não vejo televisão nem escuto rádio; o lado mau é que tenho sempre o feed de noticias no telemóvel actualizado, de tal maneira que é a ultima coisa que faço antes de ir dormir. 
Agora que tenho tido mais tempo livre, e que aqui em casa acontecem entrevistas de trabalho e pesquisa, estas paredes ganham também contornos de confessionário. Algumas vezes são confissões com elevado teor de honestidade de mim comigo mesma. No que quero, no que procuro, no que tenho para oferecer, em quem sou.
Ando em busca de mais amanheceres. De dormir melhor (ainda). De revolucionar a minha cozinha e criar uma muralha que proteja a nossa saúde. Voltei a cuidar das minhas mãos, e a beber chá. Ainda me irrito com assustadora facilidade, mas estou em busca de ser mais calma e de falar menos.
Meia vida ou mais, está vivida. Essa consciência leva-me inevitavelmente para um lugar melhor.

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