Ando desencantada. Com o cenário mundial que largamente escala a caminho da ruina comum, e com o cenário do nosso pequeno país plantado à beira-mar no qual cresce a falta de oportunidades que virou bola de pingue pongue num ringue politico vergonhoso. Assisto espantada aos professores que sem duvida são uma classe que nos merece o maior respeito, mas que andaram uma vida inteira domesticados e de repente querem tudo no mesmo dia e isso assim do pé para a mão para mim que não percebo nadinha de economia, parece-me só um bocadinho inconsequente. Assustada com a pobreza galopante como um surto servido em pratos cada vez mais vazios à mesa dos portugueses; e com a indigestão de uma criminalidade que aumenta e nos fecha em casa. Perplexa porque ainda se discute direitos dos animais quando deveriam ser questões mais que cimentadas em sociedades desenvolvidas. Indignada por estarmos a virar um país dos sem tecto (para quem compra e para quem aluga). Chocada com o galopar de uma medicina virtual nascida de uma pandemia sem carácter, que se venera incontestavelmente e que confesso me perturba. A assistir todos os dias em direto a uma caça às bruxas que na verdade tem acertado em todos os tiros e apesar dos pesares (quem anda à chuva molha-se), sobre isto continuo a achar que não voltaremos a ter a sorte de ter outro senhor no governo como o é o senhor António Costa. Todos os que agora lhe apontam o dedo são no mínimo assustadores, somos quase um Brasil em opções, só que com um povo mais letrado mas ao mesmo tempo mais domesticado.
Enfim, que o futuro tenha piedade de nós.
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