Crónicas de uma frequentadora assídua de autocarros

A dizer-vos que a expressão da nossa saúde mental vai nua nas ruas. É gente de havaianas em pleno gelo de Dezembro. É miúdas de tops curtos e unhas de gel de todos os formatos, tamanhos e feitios: e eu só me pergunto se as mães dessas meninas as ensinam a fazer alguma coisa em casa. É velhos a babar de olhar colado às barrigas ao léu das ditas meninas. É mães a sussurrarem em surdina ao telefone Estou filho.. olha é só para te dizer para passares lá por casa que te deixei uma nota em cima da mesa. Outras mães, desdentadas e de bigode rijo em video-chamada como num direto para o mundo Amo-te muito filho. É aquele jovem a ver e ouvir em alto e bom som - demasiado alto - vídeos da igreja do reino de Deus: Sai! Sai! Deus te salva meu irmão! num brasileiro empenhado na conversão que todos suspeitamos que seja das carteiras. É uma senhora idosa a tentar trocar olhares comigo - e eu a fugir - num ar de critica ao rapazinho da igreja universal. É que essa senhora velhinha está de meias de rede e saia curta e confesso que não lhe fica muito bem. E unhas de gelinho, claro!

Entretanto ontem na missa uma acólita sénior, com a vestimenta branca até quase aos pés, atravessou várias vezes o altar com umas sapatilhas cheias de luzes a piscar, tipo ambulância. Moda pura e dura.

E de maneiras que felizmente vivemos num mundo em que cada vez mais o que importa é que as pessoas sejam felizes. Olé.

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