Andamos nesta fase cá em casa. Dias em que ela nos desafia e nos puxa pelas orelhas como quem nos obriga a crescer. Ás vezes fico triste, com vontade de chorar e de fugir. Mas ando a aprender a não ter medo do dito boneco em que ela se transforma por vezes, ando a aprender a contar até dez e a respirar mais e melhor do que o habitual. Se me apetece gritar, páro, vou beber um copo de água, como alguma gordice e espero por me acalmar. Tento perceber o que está a acontecer, o que ela sente, o que eu não estou a fazer bem. Precisamente esta semana assisti a uma conferência organizada pelo Instituto de Apoio à Criança, inserida na campanha "nem mais uma palmada, castigos corporais nunca mais". Tive a oportunidade de ouvir a classe médica, a classe jurídica, além de quem trabalha no terreno com a criança vitima de violência. Não só como psicóloga mas sobretudo como mãe, percebi a necessidade de mudarmos de vez uma mentalidade que se refugia num passado que não tinha as mesmas ferramentas que temos hoje.
As nossas crianças educam-se com exemplos, com tolerância, com respeito e amor. Se eu der uma palmada à Maria - que muitos pais infelizmente não só acham necessário como sentem como uma obrigação que têm a nível educacional - a Maria vai aprender que também pode dar palmadas. Logo não me posso surpreender se ela um dia bater num coleguinha de escola. A minha filha vai fazer ainda tantas asneiras. Mas somos nós pais que não nos devemos transformar nunca no boneco diabólico.
Nada disto é fácil de por em prática. Nada fácil. Mas vale a pena.
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