Acabei por acusar o stress dos últimos dias precisamente no dia D. Com algum descontrole, taças partidas, berros e fugas para uma cozinha claustrofóbica. Sentir que não estou a saber lidar com a Maria ou que não estou a ser boa mãe no dia de Natal, não é de todo algo feliz e fácil de digerir. No entanto, apesar dos apartes, correu bem. Logo ao acordar cantamos juntas os parabéns ao menino Jesus. Depois foi Família. Comemos imenso, rimos e fomos felizes. A Maria ganhou cinquenta kits para brincar aos médicos, ao ponto de ela própria dizer oh não, outra vez. A cereja no topo do bolo foi hoje receber vídeo chamada dos avós que vivem na ilha e adivinhem: Uau! Mais um kit para brincar aos médicos! De maneiras que isto tal como disse o pai dela, acabou com a nossa filha a montar três clinicas de uma só vez: uma em Paranhos, outra na Foz e uma em Canárias, que a miúda já internacionalizou o negócio. Gostei quando ela abriu o primeiro de todos os presentes: o dos padrinhos. Gostei em particular de um presente, que sei que me vai dar cabo do miolo muitas vezes (custou zero cêntimos e ela vibrou): a flauta que foi do pai quando era pequeno. Gostei de ver a avó a rir até ás lágrimas com ela e ter sentido e ter pensado ao olhar as duas é isto o Natal. Hoje levei o choque, contou-me em segredo mamã sabes, eu acho que o avô Zé é o pai Natal. E eu e o pai resolvemos, aos 2 anos dela, contar-lhe a verdade: que os avós gostam tanto dos netos que se vestem de pai Natal, mas que o verdadeiro pai Natal nunca é visto, existe e vem durante a noite deixar um presente enquanto dormimos. E nada, a miúda teve uma overdose de horas desperta, não queria dormir ontem, não quis dormir hoje e teve que ir para a cama de forma compulsiva, aos berros a gritar pelo pai pois claro, que o monstro da mãe só lhe faz maldades. Comecei a ler-lhe a história da Malala e adormeceu profundamente na curva. Lavadinha em lágrimas, foi assim que ela terminou o Natal, que deixar aquela bonecada toda espalhada pela casa para ir dormir, não cabe na cabeça de ninguém!
Hoje na missa o senhor padre falou sobre aquele menino que nasceu em Belém, sobre a verdadeira mensagem do Natal: Olhem para aquele presépio, aquele menino nem sequer nasceu numa casa, nasceu numa palhota. No entanto no meio daquele cantinho tão pobre, perseguido, nos braços daquela jovem mãe imaculada e daquele pai que acreditou, havia Amor em abundância. É essa a mensagem, levem-na para vossas casas:
O Amor.