O que domina a actualidade é no mínimo prova do quão assustadoramente balofa se está a tornar a sociedade.
Não há pachorra para os mais diversos reality shows que diariamente invadem os meios de comunicação, com caras caretas e histórias que confesso que não compreendo como podem interessar a alguém. São formas de esvaziar a mente, e enchê-la de novo com coisa nenhuma. São formas estranhas de espiar a vida alheia, formas graves de vender a própria história. Mas é isto a tal barreira da liberdade, que diz que onde começa a minha acaba a do outro. Zero pontos para mim.
E num país onde se passa de bestial a besta em segundos, parece-me incrível que os portugueses estejam mais preocupados em criticar o jornalista Rodrigo Guedes de Carvalho na sua entrevista à senhora ministra da Saúde, do que com o fundo e importância das questões colocadas. Questões essas que ficaram sem uma resposta objectiva alguém reparou?, questões essas que são também a preocupação de outros tantos portugueses que agradecem ao jornalista ter tido a coragem de lhes dar a voz. Afinal o senhor Rodrigo também é português, também ele vive os mesmos difíceis tempos de CV19 que todos nós, e também ele se deve ter saturado uma e outra vez com recorrentes discursos incoerentes sobre a necessidade do uso de máscara, num governo no qual também eu votei, que nos deve respostas sim senhor. Não foi isento e foi inquisitório, e eu agradeço-lhe porque me aborrece solenemente vivermos num país de falsos bem educadinhos onde é tão primordial mantermos as aparências. Foi conciso e não acusou ninguém. A noticia faz-se em busca da verdade e fazer a verdade aparecer, ás vezes dói. Desta feita, numa conversa cá em casa a propósito da dita entrevista, foi-me dito que o que mais há são portugueses de segunda - nos quais claramente o discurso me envolvia - que mesmo que além fronteiras se diga que somos os maiores, estão sempre dispostos a criticar e a puxar as orelhas. Ora bolas, essa doeu. Mas de todo, não me incluo nessa classe de portugueses, os maldizentes só porque sim. Incluo-me na classe que puxa as orelhas sempre que acredita que falta crescer. Acho importante mas não me envaidece que lá fora digam que somos os maiores nem sempre concordo, sinto-me mais focada no que realmente somos cá dentro.
Ter opinião própria, às vezes custa. E digo-o por experiência: respeitar a dos outros, também.
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