De um parto traumático

Do que não me lembro:
Quando e quem decidiu o internamento. O despir a roupa e vestir a bata (de que cor era?). A passagem da cesariana para o puerpério. O retirar da algália.
Do que não me esqueço, nunca mais:
Das duas anestesiologistas, a da epidural e a da cesariana. Da fita lilás no meu pulso. Do pai da Maria, sempre sempre ao meu lado. Do instante em que me comunicaram que ia ser submetida a uma cesariana. Da entrada no bloco. Do primeiro choro dela. Da febre, da infecção, das dores. De no parto retirarem a Maria e colocarem entre mim e o pai, e ela abrir os olhos naquele instante; e descobrirmos juntos aquilo que pareciam ser dois planetas gigantes onde iríamos passar a morar para sempre.

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