Não consigo. Temer mais o vírus do que aquilo que vejo à minha volta. Hoje caminhei meia cidade e fiquei triste, muito triste. Tantas as lojas que fecharam de vez, lojas antigas, de toda uma vida. As pessoas vagueiam mas está tudo sem rumo. Há um silêncio estranho, e as vendas ao postigo matam-nos a alma.
Hoje fui atacada por um bando de gaivotas destemidas. Roubaram-me o lanche e quase me dão uma tareia. Em dois pontos diferentes da cidade, senti que são elas, as gaivotas e as pombas, quem agora domina as ruas. Perderam-nos o medo, tomaram posse. Ou a nossa estranha ausência atormenta-as de fome e torna-as ainda mais valentes.
É estranho, mas só tinha vontade de chegar a casa.
(...)
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