Têm sido dias de muita - ainda mais - introspeção. Tempo de ficar a sós, tempo de silêncio. Foi sempre assim, desde que me conheço, no tempo de Quaresma. Como um bicho a mudar a pele num processo doloroso, com um sentimento profundo de que toda a gratidão não chega para o imenso acto de Amor que este tempo retrata.
Mesmo assim continuamos egoístas, invejosos, consumistas, indiferentes. Nunca como nos dias de hoje vi tanta mendicidade nas ruas, e ao mesmo tempo uma indiferença cortante. Alguns rostos são ainda os mesmos de há quinze anos atrás quando trabalhei com sem-abrigo. Quinze anos a viver nas ruas!; conseguem imaginar?
Como será que se sobrevive a tanta solidão e indiferença; dia após dia, Inverno após Inverno, aniversário após aniversário; sem um colo, sem uma casa.
(...)
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