Sobre as máscaras e o meu calcanhar de Aquiles

Quanto mais acessório de moda se tornam, mais me parece que nos perdemos da questão.
Assumo com honestidade que para mim é extremamente difícil usar correctamente a máscara. Por mais que me policie, toco-lhe vezes sem conta; quando a uso sinto que estou só a cumprir uma regra, não sinto sequer a tal falsa sensação de segurança de que tanto falou a senhora Graça Freitas da DGS. Tenho uma bebé, se uso a máscara quando a trago no boopy, ela toca-me na máscara constantemente; entro no carro e esqueço-me de a tirar, entro no elevador e esqueço-me de a colocar, chego a casa e quando dou por ela descartá-la correctamente não foi a primeira coisa que fiz. Não gosto de sentir este desconforto, não gosto que uma coisa aparentemente tão simples afinal não seja assim tão fácil de manipular, e acredito piamente que esta dificuldade que comento em mim, seja transversal aos médicos. Apesar de tudo, o uso de máscara e a correcta higienização das mãos, alertou-nos para a importância de adquirirmos hábitos novos, afinal tão básicos. Acredito que mesmo que um dia não seja obrigatório, correctamente ou não, vou continuar a usá-la em supermercados. 
De resto prefiro as cirúrgicas, da farmácia. Respeito que para muitos uma it máscara faça diferença, acredito que para a industria da moda essa necessidade nas pessoas represente nesta fase um importante balão de oxigénio; afinal se todos gostássemos do azul o que seria do rosa? Depois temos as questões da sustentabilidade, da poluição, que nos merecem - sem duvida - o maior respeito.
Para mim particularmente, simplifico a questão ao máximo. No inicio achei interessante a diversidade e originalidade das máscaras que todos os dias surgiam e surgem; acho interessante a criatividade imediata no ser humano. Com o passar dos dias e ao observar o quanto as pessoas começam a relativizar a questão da importância do uso correcto, encontro verdadeira futilidade em tudo o que começa para além da necessidade de protecção. Não há absolutamente nenhum logótipo ou padrão que me vá fazer sentir mais confortável ou segura ao usá-las. Por mais que alguém se sinta mais bonito com uma máscara diferente, eu não vejo seja quem for mais feio ou bonito por causa da máscara que traz. Não me incomoda a máscara que trazem, como dizia a saudosa duquesa de Alba a mi me importa un pepino! Incomoda-me que andamos todos a fingir que as usamos correctamente.
Incomoda-me que alguns já nem as usem ou mal usem propositadamente, num quase apregoar que isso afinal são tudo balelas. Nós não sabemos nada de nada, nem tão pouco temos garantias sobre onde está a verdade e onde está a mentira. Um pouco de precaução é apenas sensato, e tentar educar os outros nas nossas verdades tortas, às vezes é apenas contraproducente.

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