Sobre os nossos telhados de vidro


Asqueroso mesmo, vomitivo, é à velocidade em que nos estão a transformar a todos em subsidio-dependentes. Aluga lá por 1300 euros, que eu dou-te 200. Ajudinhas piedosas para tudo quando o que as pessoas realmente precisam é de salários dignos, rendas que possam pagar sem esmolas do Estado, e no final sobrar um trocado para uns dias de férias. Ou não? Não. No meu país isso está a acabar-se. Estamos nós próprios, pessoas singulares, a transformar-nos em património do Estado.
Para cumulo deste azedume que trago dentro, ontem vi a reportagem da carrada de imigrantes que deixamos entrar para viver debaixo de uma ponte, em condições miseráveis e desumanas. 
E infelizmente a História não se repete, oxalá assim fosse:

"Meus senhores, como todos sabem, há diversas modalidades de Estado. Os estados socialistas, os estados capitalistas e o estado a que chegámos. Ora, nesta noite solene, vamos acabar com o estado a que chegámos! De maneira que, quem quiser vir comigo, vamos para Lisboa e acabamos com isto. Quem for voluntário, sai e forma. Quem não quiser sair, fica aqui!"  
Salgueiro Maia, 25 de Abril de 1974

Começo a perceber agora, com um outro sentido mais profundo e mais sentido, o que aqueles Homens bravos foram capazes de fazer. Começo a sentir agora um respeito altivo pela Liberdade.

44 anos. Apetece-me emigrar. Apetece-me fugir.

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