Tenho vivido alguns dias violentos no trabalho. Ás vezes olho para mim mesma e fico cheia de pena. Disto em que me transformei, numa máquina só de limpar, que já nem sequer é capaz de impor alguma consciência sobre limites. Ao longo de toda a minha vida é sempre nesta pedra que tropeço. E sim, começo mesmo a acreditar que se não consigo mais, é porque não mereço mais.

Ponto do caminho em que não aguento. Outra vez. É o trabalho mas não só; são as pessoas, é o tempo frio e cinzento há demasiados dias, sou eu mesma, é este corpo, é esta casa, é o não sair da cepa torta. Acho que está na hora de ter coragem para pelo menos querer mudar. Ir, nem que seja sozinha. Depois quem sabe, morrer. Mas ficar a viver castigos, num modo permanente, está a causar em mim um desgaste que me aproxima também do fim.

Perdida por cem, perdida por mil.

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