Eu e a Torre

Outra vez parada aqui, nesta minha tão pequena e insignificante mas por vezes dolorosa existência. Ao fim de uns dias a fazer noites, mesmo repondo algum sono em manhãs partidas, desmorono cá dentro. Porque há coisas que não vão bem com a Maria, com a casa, comigo mesma. Há um nível de incompreensão que fica a saber a falta de colo, a falta de quem cuide. Ao ponto de não estar já sequer a conseguir manter o telefonema diário para a minha mãe. Não me apetece. Já não me apetece nada nem ninguém. Momentos da batalha em que me sinto sozinha e em que tentar desabafar só piora as coisas. E eu aguento tudo, mais ou menos ao longo da vida fui sempre sozinha nas minhas batalhas, pelo menos foi assim que sempre me senti no caminho. Fraquejo num ponto chamado Maria. Ninguém percebe que a minha filha não pode tomar penicilina como quem toma benurons. E que ela não é uma barbie ou um peluche. E eu só tenho mais é que perceber que ninguém tem obrigação de nada e que se eu não estou bem, ponho-me. E porra, deixem-me em paz, que bastam-me as obras infernais no andar de cima. Deitar-me às 2h da madrugada, levantar-me às 7h para preparar a minha filha e não voltar a dormir mais porque às 8h começam as marteladas. E não há ninguém - ninguém - que me cuide ou valorize. Há quem me estique, quem puxe ainda mais por mim, quem me repreenda, quem ache sempre que eu tenho que fazer melhor.

A fritar a pipoca, sabem. Vontade de desligar o botão e ser esquecida de vez por todos.

Eu só quero dormir.

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