Uma semana que se se supunha ser de férias, de descanso, uma semana que reservei na mente para destralhar a casa, para reorganizar a vida e ir a tempo de dar as boas vindas ao novo ano. Foi antes uma semana de traições, de dar de caras com duras verdades, uma semana para faltar a compromissos, para escrever reclamações, para ficar à espera de ubers que nunca aparecem, para apanhar chuva até aos ossos, para ver o vento partir-me o guarda-chuva como se fosse uma folha de papel, uma semana em que perdi o apetite, em que entristeci seriamente por dentro. Uma semana para perceber que os outros são os outros, e eu sou eu. Nunca vou pertencer ao rebanho, à multidão, e o preço é este: ser para sempre incompreendida. Uma semana em que gostaria de ligar a todas as minhas amigas e dizer-lhes que me fazem falta, muita falta. Uma semana em que fiquei uma manhã inteira na cama, porque já não aguento mais.
Ninguém tem culpa, é certo. Mas céus custa tanto suportar a falta de empatia. E cada pormenor, cada pequeno detalhe ou desatenção, atiram-me com assustadora facilidade ao chão. As pessoas estão todas parvas, o mundo está cheio de umbigos gigantes e colecionadores de dinheiro.
Palavra de ordem: hibernar.
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