pic by Inês Peixoto
num daqueles dias em que era proibido

Somos um povo pacato, mas ao mesmo tempo um povo teimoso. Não somos mansos, somos até bravos. Ninguém nos há-de arrebatar a Liberdade, desde que os nossos antepassados ficaram na História no tempo das Conquistas e marcaram a ferro e fogo umas asas abertas num voo picado, no nosso ADN. Também somos um povo de brandos costumes e de leis de boca. É por isso que pouco se respeitou e pouco se fez respeitar o recolher obrigatório imposto nos últimos tempos.

É verdadeiramente aterrador o que está a acontecer nos nossos hospitais. E esta questão é mesmo de todos nós. Esta manhã ouvi um médico infeciologista dizer que tudo isto resulta não só do nosso comportamento durante as celebrações festivas, mas também da falta de testagem nos diversos equipamentos, aos profissionais de saúde. Sempre me fez confusão que não fossem periodicamente testados, de forma gratuita e com obrigatoriedade. Apesar de sermos também um povo de meias verdades, temos muita gente capaz de gritar verdades inteiras. Que às vezes incomodam, mas são verdades ainda assim.

Eu ainda continuo a ver grupos consideráveis de gente reunida, quer seja a beber cerveja na rua ou nas filas para espreitar os saldos. Teimamos em não ver o essencial e mais uma vez, o preço a pagar é ofensivo. Tantos comerciantes que se aguentaram até agora, não mereciam mais este valente pau pelas costas. Tantos profissionais de saúde esgotados. O recorde de dez mil infetados num só dia.

Ma vêm aí as Presidenciais, e nesse dia - só nesse dia - a luta contra a COVID19 pode esperar. Eu que sempre considerei importante votar, acho que pela primeira vez não vou exercer o meu direito ao voto, precisamente por convicção. Considero que numa altura em que nos vão fechar outra vez, não deve haver filhos só da mãe nem filhos só do pai. Custa-me que subestimem assim a inteligência do povo.

De resto, contra todas as profecias, continuo a Acreditar em 2021.

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