No domingo saí bem cedo de casa e fui votar. Nem filas nem falta de organização, pouco depois das 8h já tinha a coisa resolvida. Àquela hora foi interessante cruzar com duas ou três pessoas de uns noventa anos, a entrarem com afinco na escola, como se fossem salvar o país. É algo que confesso, me comove.

Àquela hora também, havia raios de sol e portanto foi bem agradável o pequeno trajecto a pé. Observei que as ruas estão anormalmente cheias de dejectos de cão pelo que, queria aproveitar para pedir às pessoas deste país que sejam mais civilizadas e cumpram a lei: a cidade está vazia mas a cidade ainda é de todos.

O sentimento já não é bem o mesmo do primeiro confinamento. Começo a pensar que afinal isto pode acontecer mais vezes, ou que se pode prolongar no tempo para lá do aceitável; e que inevitavelmente o autismo colectivo se tornará mais severo. De tal forma que estamos mesmo a descobrir que desde as nossas casas fazemos quase tudo. E as cidades já nem é da falta de turistas que vão morrendo, é da falta de gente como nós que elas padecem e definham. Eu nunca me vou habituar, recuso-me a encontrar normalidade alguma nestes dias. Continuo a achar que por mais demolidores que estejamos a ser há muito com o planeta, o planeta jamais nos faria isto.

De resto dizer-vos que estou a descobrir novos sonhos, sonhos grandes, como ter uma casa com jardim. Percebo agora - só agora - que a casa onde vivo há mais de quinze anos, um t3 cheio de janelas e com boas varandas frente e trás, é afinal claustrofóbico. Começo a deixar de gostar desta casa em muitos aspectos, tudo culpa desta pandemia.

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