Os portugueses

Não eram tão bons como apregoávamos nos dias em que demos nas vistas pelas melhores estatísticas, nem são tão maus agora que a falência eminente do SNS evidencia alguma rebeldia inaceitável por parte do povo. Há um descontentamento geral, uma inércia coletiva, uma falta de líder com discurso credível e concordante com as próprias ações. O povo não é burro nem acéfalo, não se enganem. Mas a verdade é que parece que estamos todos a fingir que isto não está a acontecer, o que pode muito bem chamar-se de bloqueio mental. A esta altura sabe-se lá os dramas que já cada um está a viver dentro de portas. Animicamente todos se tentam salvar como podem. E é por isso que há gente que precisa mesmo de ir lá fora todos os dias, sob o medo de perder a ponta do fio do novelo. 

Não é fácil para o governo, e não é fácil para nós.

No entanto o momento é de compreensão e de solidariedade; é mesmo preciso cumprirmos a lei. Agora que está decidido, o melhor é colaborarmos para ver se a coisa resulta. É verdade que o nunca visto está mesmo a acontecer nos nossos hospitais, há gente a morrer e os que lá trabalham não podem mais. No mínimo, mantemos o dever de ajudar o próximo, o que implica não piorar a situação. Ficar em casa, portanto. O diluvio providencial das ultimas horas, se se estender por uns dias, vai ajudar muito. Se há coisa que os portugueses gostam, é de hibernar em dias de inverno rigoroso. Caso para dizer que só mesmo Deus para nos ajudar numa hora destas.

Li que se estão a esgotar as reservas de sangue. Eu não posso doar devido a patologia no sangue. Se algum de vocês estiver disponível, parece que vai fazer falta já a seguir.

Mantenham-se a salvo. E com esperança. Vamos superar estes dias tão terríveis, com toda a certeza.

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