Hoje é dia de precária

Damos a volta às palavras para atribuir algum humor ainda que mórbido, aos tempos actuais.
Hoje é o dia da semana que estipulei para a única escapadinha que me permito: sair para comprar frescos, verduras e pão.
Logo às sete da manhã vi pela janela que o dia está bem cinzento, daqueles em que só apetece cama ou sofá, daqueles portanto em que os portugueses se vão portar muito bem e cumprir responsavelmente a quarentena. Por vezes dou comigo a pensar que este vai ser também um tempo de muita hipocrisia, de tanta carneirice. Ouvi que os surfistas só vão poder entrar no mar à vez. Acho que quanto mais pisam fundo nos atropelos à nossa liberdade, mais vontade tenho de longos passeios à beira mar e pelo parque da cidade. Isto é tudo pelo bem de quê, pelo bem de quem? Valente pantufada estão a levar aqueles que realmente são fortes e que nos últimos anos construíram alguma coisa. Estão a obrigar-nos à sobrevivência das espécies, numa forma muito clean de nos quase seleccionarem. Parece-me tão triste.
Ainda bem que lutamos pela Liberdade um dia. Caso contrário eu não poderia hoje estar aqui neste blog casa de ninguém, a partilhar as minhas ideias livremente.
(...)

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