Dia primeiro

Começamos o dia com chuva e a miúda tristonha porque regressava ao Colégio hoje. E os três ainda sem sentirmos que já estamos super up na engrenagem da roda do hamster, lá fomos com a maré. Detestei a recepção aos miúdos e ela lá ficou a chorar e nós viemos embora de coração apertado. Gostava de fazer aqui um parêntesis: nunca vou gostar de ver uma criança da idade da minha filha, no primeiro dia de regresso à escola - pré-escolar, ok - em dia de chuva, de crocks, saia de tule, manga cavada e umas asas prateadas. Acho que os pais são só insanos quando arrancam assim o ano lectivo. E não me venham dizer que a escola nestas idades não é a sério, porque a Maria aprendeu para caraças no ano passado. Também confesso que espero não voltar a ver esta situação, porque eles são ao mesmo tempo demasiado pequenos para compreenderem o porquê de uns cumprirem com a obrigatoriedade do uso de uniforme e outros não. Queridos pais, alinhamento por favor. Estimado Colégio, acordamos todos os dias demasiado cedo, não andamos a brincar às escolinhas. O ano passado calei-me a algumas coisas que não gostei muito, porque tenho noção que às vezes nós pais damos mais trabalho que os miúdos. Mas este ano decidi que vou estar mais presente. Uma semaninha de tolerância para que todos entrem no ritmo, depois vou manifestar-me sempre que me parecer conveniente.

Em Janeiro a Maria vai cumprir 5 anos, fala nisso como se fosse atingir uma espécie de maior idade. Eu estou muito feliz e contente, já escreve o nome dela, faz contas de somar básicas e tem uma sede de saber que é uma peninha estragarmos com mariquices. É um privilégio ser criança e ela tem que rir e brincar e andar fantasiada. Permitimos-lhe isso tudo; não tive nada do que ela tem. Mas a regra. É a regra e a disciplina que vão fazer a diferença nos seres mimados e consentidos que nós pais estamos a criar. E se o Colégio não me ajudar sequer nisso, socorro.

Não são as crianças. As crianças são todas uns amores, são Crianças. Lembro-me de ter sido muito pobre e de isso se notar logo no meu primeiro dia de aulas. Não quero que a Maria trate nenhuma criança de maneira diferente, nem se sinta ela própria diferente, por causa de umas asas prateadas ou de uma bata. Não é isso, é outra coisa.

Sem comentários:

Enviar um comentário