Acabou-se-me completamente a alegria de viver.
Doem-me os dias todos iguais, sem sabor. As sucessivas frustrações com empregos que parecem castigos - e serão. Memórias de um amor, que não chegou nem para casar. Dói-me o não fazer umas férias, numa casa velha aqui ao lado. O não fazer planos de futuro, rigorosamente nada. O não ter objectivos pequenos sequer. Resume-se tudo, há demasiado tempo, em ir trabalhar, aturar, voltar a casa, limpar, não conversar sequer, e começar tudo outro vez. Caí num vazio tão grande que não sei como sair daqui. Bem certo é que quem não é amado não consegue ser feliz. E eu nunca fui amada. Talvez agora seja pela Maria, mas é temporário.
Gostava de carregar num botão. E desaparecer definitivamente da memória de todos.
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