Sobre as minhas dificuldades, eu que vivo com um rapaz moderno e que até sabe fazer tudo dentro de uma casa, gostaria muito de ter percebido um bocadinho mais da poda antes de a Maria ter nascido. Porque hoje em dia gostaria muito que o Luís percebesse que ambos trabalhamos fora e temos empregos exigentes. Que ambos detestamos arrumar a cozinha todos os dias do ano, menos dois. Que ambos gostamos de relaxar no fim de um dia, e que só por uma vez que fosse, nos últimos quatro anos da minha vida, eu gostaria de não ter ido adormecer a Maria logo a seguir ao jantar. E ficar a ver filmes, a beber um vinho ou a roncar no sofá. Que ambos precisamos igualmente de roupa passada a ferro. E que ambos usamos a escovilha do wc! Que deveríamos alternar quando a Maria adoece e alguém tem que ficar em casa. Que no que toca a mudar horários, perder empregos, esticar a corda até seja o que Deus quiser, não devia ser obrigatoriamente coisa da mãe. Somos sempre a primeira carne a ser lançada aos leões. Passar uma única folga na semana a limpar a casa porque se não for assim mais ninguém limpa, não devia ser coisa só da mulher. Levar o lixo! Essa tarefa inferior e básica que parece ser exclusivamente minha. Não acho nada romântico esse contrato implícito de
"Oh meu senhor e amo, levarei o seu lixo por toda a eternidade até que a morte nos separe."
Por mais que sejas o melhor pai do mundo e que cozinhes quando te apetece, ainda estamos muito longe da justa igualdade que nós mulheres tanto ambicionamos. Se tu pelo menos reconhecesses.
De resto dizer neste dia da mulher que admiro muito todas essas mulheres que em meio de vidas tão atribuladas ainda conseguem tempo para estar sempre bonitas. É dessas que eu gostaria de um dia ser!
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