Reclamar de barriga cheia

Nestas vidas de estar desempregada e passar a gerir o dia a dia com outro olhar - infelizmente continuo a ser uma péssima gestora financeira - vou simplificando na cozinha e de repente até percebemos que tínhamos saudades daquelas comidas mais simples, que até nos lembram a nossa infância. A Maria sempre esteve em primeiro lugar, mas agora que é importante priorizar também nos gastos, a Maria solidifica esse em primeiro lugar. Gostamos muito de estar em casa e de estar os três juntos, e isso é uma grande coisa em tempos em que por um pé fora de casa é quase por si só sinal de despesa. Também saímos e também vivemos, mas cada vez menos - e continuamos ainda assim, apesar de tudo, a ser dos que mais têm na vida. Eu nunca fui vaidosa, passo tempos sem pisar um cabeleireiro, acho que por causa disso sofro menos qualquer consequência. Por outro lado há sempre algum livro que quero comprar. Nas ultimas idas ao palácio dos pobres, como chamou a querida Agustina aos supermercados, percebo a gravidade dos aumentos dos preços e começo a ficar obcecada pela tendência inversa. Um dia eu juro que venço a máquina.

Acho que a célula Família que se tem vindo a reestruturar já desde o inicio da pandemia, continua um processo de evolução importante. A duras penas vamos compreendendo a importância da paz e da alegria dentro de casa de cada um. Já em pequenina ouvia a minha avó dizer que mais valia um pobre feliz a comer uma sardinha do que um rico triste a comer um belo bife. Agora já nem a sardinha é coisa pouca. Mas a verdade é que o sentido profundo está lá, e continua actual.

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