Estado de saturação

Por aqui vive-se numa sensação de enfartamento, de indigestão permanente sobre toda esta parafernália à volta de um continuo estado de emergência que nunca mais termina.

Continuo a achar que muitos dos que não vão morrer de COVID19, vão morrer de fome, de depressão e de dividas. Que a tentar tapar um buraco, estamos a abrir outro maior, e vá-se lá saber como vamos resolver no futuro. Continuo a achar que o rei vai nú e a COVID19 veio só destapar muitos problemas organizacionais graves no nosso SNS. E vejo que em cima de erros estão a cometer-se outros maiores, e já quase não se pode emitir uma opinião sobre o assunto porque o que é a própria democracia em si, também vai manca. Ninguém nos contou que a COVID19 também estrangula mas quando chegar a fase dos suicídios por desespero - que infelizmente vai chegar - vamos todos perceber que esses serão no final das contas as outras vitimas, as que ninguém protegeu porque vão morrer da doença sem sequer a contrair.

Concordo que não deve ser nada fácil para o Governo gerir tudo isto, é impossível faze-lo sem cometer erros. Mas há momentos e decisões que algumas vezes me causam uma certa urticária mental. Louvo o esforço em todas estas medidas para apoiar as famílias, mas os apoios hão-de terminar e as quase novecentas mil pessoas que já perderam os empregos, como vão fazer? Porque a criação de emprego não vai ser imediata nem suficiente, e o apoio às empresas vai precisar que antes de mais estas não estejam já traumatizadas e com um certo medo entranhado de novos confinamentos.

Tudo isto me preocupa muito e faz-me olhar para o futuro com algumas interrogações pertinentes. Uma delas é o dia em que decidirmos onde vai estudar a Maria, e se vou ter possibilidades para dar uma resposta à minha filha. Eu estudei numa escola publica e considero que foi um lugar perfeito na minha formação e educação. Gostava que acontecesse o mesmo com a Maria, mas são tantas novas e inesperadas questões.

Por agora só queria mesmo que isto terminasse, já ninguém aguenta mais.

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