Reencontros






No outro dia, cega de tristeza, achei que as únicas coisas que me podiam salvar era ler e fugir. Foi o que fiz. Duas horas sentada com duas meias quentinhas para descongelar a alma: uma meia de leite e uma meia torrada; e o meu livro. Depois bati perna pela cidade. E descobri que já nem me lembrava mais como eu adoro o Porto. Já nem me lembrava deste amor que sinto: pelas ruelas, pelos becos, pelas janelas abertas, pelos parques. Só quase não vi as gentes, aquelas que eram a alma da cidade. Estrangeiros de todo o mundo, rua acima, rua abaixo. Quase nem sequer se tem a sorte de encontrar um português a atender-nos quando entramos num café, num bar, numa padaria, num restaurante, num quiosque, numa estação de serviço, numa loja qualquer. Mas a cidade sobrevive, e continua a ser o único melhor lugar do mundo para viver.

Entretanto voltei a espreitar casas. Quem sabe o que Deus quer.

Sem comentários:

Enviar um comentário