Agosto

Não gosto, nunca gostei. Nos últimos anos, menos. Sei que um dia vou ter muitas saudades da minha mãe, sei que um dia vou ter imensas saudades das férias grandes com a miúda. Mas tem sido um mês só de birras, de amuos, de exigências. Hoje a Maria disse "porra!" furiosa comigo porque estava na hora de virmos embora do parque. Ontem à noite antes de irmos dormir disse-me "sabes, gosto mais do papá do que de ti". Pequeninas facadas às quais vou ficando imune, porque o meu amor por ela só cresce. Ela não sabe, nem sonha, que por causa das férias escolares dela, me hipotecou para sempre o grande sossego de não tirar férias em Agosto. Com a minha criança idosa, a coisa é diferente. Fico doida, chego a pensar que não aguento mais. Depois paro e penso em toda a história de vida da minha mãe, e sinto uma tristeza grande, uma dor incrível pelos fracassos dela. E penso que se não lhe der colo agora, vou dar quando.. Agosto é o mês em que ela me aterra em casa e me vira a vida do avesso. Nem a Maria quando ainda não tinha dentes e usava fralda, me deu tanto trabalho.

Depois sobro eu. Com ressacas em cima de ressacas de bebedeiras mentais por privação de sono, porque levar com este Agosto em cima, ao mesmo tempo que faço noites no Hospital, não tem sido fácil.

Tenho sentido uma coisa muito boa. O forte seguro que é o Amor que nos une, a mim e ao Luís. Tem estado à altura deste mês terrível que mais tem sido um desafio. Mesmo com uns dias ventosos a casar perfeitamente com este Agosto odioso - ele que adora fazer praia com a filha - tem dado a volta ao Sol a sorrir. Não sei como consegue, tem muita Paz dentro este rapaz. Deve ser por isso que o Amo tanto.

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