Sobre crescer

Há esse lado da Vida, que eu sinto que é o que eu vim aqui aprender. A rir. A ser grata mesmo que o dia não saia do cinzento escuro a fugir para o preto. A ser simples. A ser quieta, calada. E essa é uma aprendizagem tão difícil quando não mora em nós. Mas sinto que estou perto quando faço esta reflexão. Sinto que é mesmo por aqui. Mesmo que tudo seja absolutamente difícil, a Vida há-de sempre valer a pena. A Vida há-de sempre merecer o nosso sorriso, mesmo na derradeira hora da partida. E eu sou tremendamente abençoada pela história que vivo, pelo corpo que me carrega, pelo país onde me encontro, pela Família que construo. É uma sorte muito grande, estar aqui e agora. Com a Maria e com o Luís. É uma sorte grande limpar retretes para depois assistir ao primeiro espectáculo de Ballet da minha filha. A Vida não é pesada, somos nós que carregamos o peso dos nossos pensamentos e por causa deles, por vezes sentimos que não aguentamos mais. Mas o caminho é leve e gracioso, tudo é uma breve brincadeira de esconde-esconde, se quisermos com gargalhadas e gritos de alegria pelo meio. Eu quero morrer uma pessoa grata por tudo. Pela bisavó escrava, pelo pai que nem tive, pela mãe que tenho, pelo Amor imenso que vou levar desta vida. Vou ficar em paz pelo que não me apetece fazer, porque eu também vim para errar, e para crescer.

E é curioso, porque quem me está a ensinar isso tudo, aos poucos e nem sempre de maneira pacata, é a minha filha Maria.

(...)

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