A minha é ter um bocado de tempo; pode ser uma boa mão cheia dele. Caminhar a pé pela cidade, apaixonar-me perdidamente por ela em cada percurso repetido. Ficar refém das imagens, das surpresas em cada canto. Tomar um breakfast sozinha, naquele sitio giro cheio de fotografias de um Porto velho, e de candelabros antigos, no meio de japoneses e brasileiros, com sincero pesar por quase não encontrar portugueses. Tomar um café da manhã a ouvir fado, com alguém ao lado a entregar-se por inteiro a um vinho do Porto e um pastel de nata. Sim, de manhã cedo; e porque não? Perceber a paz das pombas, a alegria dos tons quentes da folhagem nas árvores. Cruzar com miúdas adolescentes sem guarda-chuva a tocar às campainhas e fugir. Pensei que já ninguém fazia isso, já ninguém brincava a ser feliz com palermices pequeninas. E elas corriam depois, e riam alto pela rua fora.
Com o mundo tão cinzento, é mesmo preciso sairmos e respirarmos a plenos pulmões. Deixarmo-nos inundar pela vida pulsante lá fora, para não estagnarmos por dentro.
(...)
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