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"Sinto que o momento que vivemos torna urgente que se fale de saúde mental e de depressão sem tabus. De um dia para o outro passámos a contar contaminados e óbitos, ficámos sem liberdade como a conhecíamos, a viver uma insegurança em relação ao futuro e presos numa paranóia do presente. Pensar que isto não terá repercussões na saúde mental das pessoas é sermos muito ingénuos. 

O Pedro estava a ser seguido por um psicólogo e um psiquiatra em consultas on-line. Tinha uma vontade enorme de se tratar. Há medicamentos que têm como possível efeito secundário o suicidio. Se o diz, é porque em algumas pessoas causará esse efeito. Isto é um facto não é uma especulação.

A depressão tem várias formas de existir, pode ser mais ou menos “fulminante”, mais ou menos visível aos olhos dos outros, pode ser mais ou menos silenciosa. É importante falar de certas doenças sem associar estigmas. É importante percebermos que quem tem SIDA não é promíscuo, que quem tem diabetes não são os gulosos e que quem tem uma depressão não está na falência. Perceber que todos sem excepção estamos susceptíveis de um momento para o outro de ultrapassarmos o nosso limite, porque ninguém sabe qual é o seu gatilho.

A depressão é a principal causa de incapacidade em todo o mundo. Para quem está do lado de fora por vezes não consegue perceber, para quem sente por dentro por vezes é difícil de explicar. O que falta, é falar sobre isto. Sem tabus."

Anna Westerlund

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