As tempestades com nome de gente, umas atrás das outras, a arrancar as árvores seculares pela raiz, a deixar toda uma cidade num estado caótico de por os nervos em franja. Chuvas torrenciais em hora de ponta, eu com a miúda mais a mochila mais o saco do ballet mais a minha carteira mais o guarda-chuva que em dias assim é só mais um empecilho, mais setecentos kilos de fúria da pior. Não haver um bus, um táxi. O pai dela sem atender o telefone até duas horas depois do fim do turno dele. Contas feitas foi um dos piores dias da minha vida. Durante a noite não preguei olho, pensava em como se mesmo dentro de casa se sente tamanha angustia, imaginemos então quem vive nas ruas. A tristeza de perceber a nossa imensa fragilidade. De sentir a porra da cidade sem estrutura nenhuma para dias assim. Ter que lidar com gente mal educada - porque hoje em dia é o que mais há - ao mesmo tempo que também eu estou a ferver. Porque fica tudo louco: bichos, gente, aparelhos, transportes.
Em quase cinquenta anos de vida, de todos os temporais que vivi, este foi o mais marcante. Se isto avançar tão rápido como dizem, então deve ser mesmo o principio do fim dos dias há muito anunciado.
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