Um Dezembro sem cheiro nem sabor

No que vai de ano quase não choveu, agora em Dezembro tivemos um par de dias completamente primaveris apesar das manhãs muito frias. Para quem gosta de plantas como eu, para quem tem plantas de exterior, sabe o quanto elas estão numa aparência de estranha agonia, nem estão bonitas nem ficam feias de uma vez, estão num meio termo que parece compasso de sofrimento. São tão precisas as chuvas que acho que vai ser um dos meus pedidos este Natal.

Sobre os presentes, nem é desculpa nem dá muito jeito mas não consegui comprar nada além de uns livros à Maria. Dei um salto a Santa Catarina e um mar de gente à procura do espirito de Natal no meio das luzes e do fumo das castanhas do vendedor que lá anda, fizeram-me fugir.

Cá em casa estamos todos doentes com uma gripe como nunca tivemos. Vacinas e testes para a frente e para trás mas é neste ponto que estamos. Nunca antes fiquei com os brônquios neste estado. Apesar de ter perdido o olfacto e o paladar, estranhamente os testes dão negativo. Vamos passar ao antibiótico e ver no que isto dá.

De resto dizer-vos que este ano não quero o Natal. Sinto-me triste, cansada, vazia. Apesar de termos uma criança em casa, alguém que eu amo muito vive os seus últimos dias numa cama de hospital. E não há nada, mesmo nada, nem mesmo o Natal, que supere essa tristeza. No outro dia com a morte do Rogério Samora dei por mim a pensar que cada vez que nos morre alguém que faz parte da nossa história ou da nossa geração, ficamos nós também um pouco mais próximos do fim.

(...)

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