A Vida

 Chovia tanto quando cheguei com a Maria em braços à praça de táxis. O ultimo carro acabava de ser ocupado por um senhor de uns 70/80 anos. Ao ver-me chegar voltou a sair do táxi e disse: A menina vai primeiro, tem uma criança ao colo. Agradeci muito e não hesitei, mas antes de fechar a porta perguntei-lhe para onde ia porque se ficasse em caminho deixava-o ficar no percurso da minha viagem. Agradeceu, acenou, sorriu e disse: Vá descansada mãe, eu tenho tempo. Vocês sabem a quantidade de gente que fingiu não ver a minha barriga de grávida em simples filas de supermercado?

(...)

Ontem ao sair do bus e esperar o semáforo verde abrir, também com a minha filha ao colo, alguém ao meu lado, um senhor também já na casa dos 70, sorriu e disse: Você tem uma menina mesmo muito linda sabe. Só que você tem uma cara muito triste. Respondi que tinha tido um dia difícil no trabalho e estava triste mesmo. Aquele senhor disse então num sotaque brasileiro: Pois é, mas não pode deixar que roubem um sorriso que é o da sua menina, esse você tem que ter sempre para ela.

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Comove-me tanto esta elegância na educação. Talvez porque já não se encontre muita gente assim.

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