Mãe aos 42

Não tenho grande tempo para coisa nenhuma. Alguns dias nem o pequeno almoço consigo tomar. Os banhos - os meus - são a correr, como quem apaga um fogo. Cortar o cabelo? Mãos à obra, pois! No outro dia achei que conseguia, que podia, que tinha direito, a marcar uma massagem. Surpresa? Desmarquei duas vezes e perdi o animo para voltar a marcar o que quer que seja. A casa fica um caos de um dia para o outro. As idas para o infantário têm sido motivo de picos de stress que me deixam com mal estar o resto do dia. Opto por ficar com a Maria em casa nas minhas folgas mas confesso que por vezes fico ainda mais cansada do que se fosse trabalhar. Esqueço-me de tomar a pilula mas pelo menos nisso não há stress pois nem animo sobra para correr riscos de arranjar bebé. Não respondo a mensagens nem chamadas das amigas mais próximas, nunca tenho tempo. Fazer uma caminhada a pé pela cidade? Não sei mais o que isso é, vivo metida em bolts a aturar motoristas rebeldes sem máscara. Não raras vezes a sentir-me muito pequenina, a querer só um par de horas para chorar no colo da minha mãe sem ninguém me ver. 

Sinto-me envelhecer por dentro. A Maria e o Luís são o meu Sol que nunca se apaga. Mas que fase esta da vida, em que um descontentamento geral me impede até de ser melhor para eles.

(...)

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