Um punhado de dias cheios de coisas grandes

Ando esgotada de tanto trabalhar. Sem tempo para mais nada a não ser - às três pancadas - para a Maria e para o Luís. A verdade é que pelo menos o esforço compensa, tem valido a pena agarrar-me a mais uma boia de salvação e manter-me segura num emprego que me garante estar à tona. Não é sempre fácil aceitar, mas olho para a minha filha e sei que é por aqui o caminho.

De resto tem aparecido de tudo, pneumonias, amigdalites bacterianas e penicilina a rodos cá para casa. Vale-nos a nossa resiliência familiar e o muito amor que nos une e nos permite surfar as piores ondas.

Tivemos o 25 de Abril e eu nem tempo tive de vir cá assinalar que acredito mesmo que aquele foi um dia fantástico na História de Portugal. Consegui, por acaso, ver uma exposição a propósito com a minha filha. Consegui explicar à Maria que só tem quatro anos, que os Homens às vezes são mesmo muito valentes e corajosos. Foi bom.

Ando espantada. Com o tempo que voltou a trazer-nos um frio a sério. E com a violência nas ruas que cresce assustadoramente. Sobre o tempo, é aceitar. Mas sobre a violência custa-me que não se faça rigorosamente nada para travar um problema crescente que num país tão pequeno vai ser pior que um rastilho de pólvora. Aqui mesmo na rua onde moro, tudo mudou tanto em tão pouco tempo.

Soube de dois milagres grandes: a Petra está a travar a luta dela contra um cancro agressivo, e o tumor regrediu. E o sr. Paulo que esteve setenta dias em coma, regressou ao trabalho.

A Maria descobriu as Lol, avizinham-se tempos de parvoeira connosco a embarcar nas ansiedades dela. Esta semana disse-me duas palavras novas. Com quatro anos perguntou à avó em que faixa etária está. E hoje fez-me ir ao dicionário procurar o significado de calabresa.

Tenho a sensação de que está tudo a acontecer muito muito rápido. Talvez seja um sinal, talvez seja eu que tenha que ir mais devagar.

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