"Sair da ilha é a pior maneira de ficar nela."                                                                                                                                      Daniel de Sá, in Transeatlântico

Tenho tantas saudades. Tantas que às vezes dói do jeito de moideira fininha que não mata mas martela. Eu que nasci em África e vivi quase toda a minha vida em Portugal, fiquei para sempre refém de Fuerteventura pelo coração. É com o passar do tempo, com o esclarecimento que traz a vida e a idade, que pesa em mim uma saudade grande de ter como janelas as montanhas. De viver com o vento. De ser do mar de manhã à noite, o ano inteiro. De conhecer de cor todas as tonalidades do sol ao longo do dia. Da terra quente e preta, do coração do vulcão a pulsar nas mil formas tomadas pela lava. Do próprio povo que não precisa de mais. De beber sem fim de dias calmos, de horizontes sem mais nada, só feitos de linha do horizonte mesmo. Das cabras a parecer perdidas na paisagem. Das tuneiras, das acácias. (...)

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