Quando ainda entro nas lojas e vou direita à coleção de roupa para pequeninos. Quando pego nela ao colo e finjo que ainda me cabe no abraço. Quando a infantilizo e a sento na sanita como se ela ainda usasse o pote. Quando lhe olho para o tamanho e verbalizo que está a crescer depressa demais. Quando eu ainda gosto dos desenhos animados que via com dois anos mas que ela aos quatro já não gosta mais. Quando ainda acho que a posso convencer que iced tea e limão são impróprios para crianças. Quando preparo um cerelac e acabo eu a comê-lo porque ela lembra-se que é comida para bebés. Quando a médica me diz que ela está com uma pneumonia e mesmo no momento em que lhe estou a dar a penicilina bem no fundo do meu coração eu acho que não, que é só uma tosse feinha e uma médica tótó. Quando lhe sinto - e juro que sinto - o mesmo cheiro a bebé de há três anos atrás. Quando ela quer dormir sozinha e sou eu que quero dormir com ela.
Crescer com os filhos nem sempre é linear.
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