O ano a terminar

Preciso de escrever aqui que já não posso voltar atrás um só dia mas gostaria mesmo de ter sido melhor pessoa no ano que termina. 

Uma coisa que me altera muito é a vivência da maternidade; senti-me muitas vezes a pessoa complicada na vida da minha filha e isso é terrível. Embora ela me diga muitas vezes e com facilidade que me ama (nos últimos dias, desde que aprendeu, é i love you em modo papagaio), embora me derreta a alma quando me diz que quando for grande quer ser uma mamã como eu, eu sei com certeza absoluta que poderia ter sido e feito melhor ao longo deste 2023.

Também não fui uma amiga presente, de todo. Mas muitas vezes não pude com o cansaço, foi isso. Deixei algumas pessoas um bocadinho para trás em 2023, e penso nessa gente nestes últimos dias de reflexão.

Não li, não li! Um ano inteiro sem arranjar tempo para ler. Uma péssima sensação de ter sido fraca gestora daquilo que de mais precioso temos, e que todos temos: o nosso tempo.

Céus, quase não namorei! E juro-vos que amo o Luís mais do que nunca.

Há uma coisa que me incomoda mesmo e que já não vou conseguir fazer: limpar os quatro cantos da minha casa e entrar no novo ano com espaço e frescura. Só espero conseguir fazê-lo ao longo de Janeiro e ainda ir a tempo de atrair coisas boas para o novo ano.

Tenho bons pressentimentos para 2024. E que Deus nos ajude.

Contas que não batem certo

Tanta vacina, tanto reupeupeu, e está meio mundo de molho com uma coisa que antes se chamava gripe e agora se chama doença perigosa.

Foi assim o nosso Natal

 


Começou com a alegria imensa de ganhar este presépio como prenda de Natal da minha filha. Achei simples, ternurento, engraçado de tal maneira que partilhei a imagem com meio mundo. Achei que ia guardá-lo pela vida inteira. Mas não. Na manhã da véspera de Natal, a minha filha lembrou-se de me dar o primeiro desgosto da nossa história de mãe-filha: comeu o presépio! Fiquei triste, zangada, indignada, enfim fritei mesmo a pipoca no meu quinto piso. Mas é isso mesmo a vida, aprender a relevar. Afinal a miúda apenas comeu uns amendoins, só isso. Já anda a comer os chocolates da árvore de Natal há tantos dias, que comer o presépio não deve ter sido nada absurdo para ela. Anyway o verdadeiro presépio é aquele que cada um de nós consegue trazer dentro do coração: tive que me agarrar às boxes e digerir a situação.
Depois foi aquela canseira típica destes dias, que eu senti mesmo não tendo sofrido na pele a azáfama da cozinha: abençoada sogra. E uma tristeza miudinha que se encostou a mim já há vários dias, que eu nem sei bem porquê mas espero mesmo que este modo Florbela Espanca não entre comigo em 2024: sai encosto! Depois na noite da consoada foi muito giro ver a alegria da minha filha com os presentes. O avô vestiu-se de Pai Natal e ela embora tenha topado logo que era o avô, entrou no jogo e tratou-o mesmo como se fosse o verdadeiro Santa Claus. Fiquei com pena de nós, acho que a miúda não nos quis decepcionar nas nossas expectativas e ansiedades natalinas. Após abrir 24 presentes (eu sei, insano!), fez uma birra porque o Pai Natal não lhe trouxe um dinossauro gigante e castanho. Calma, não foi que ninguém se lembrou, foi mesmo que ninguém sabia que ela queria tal coisa. De resto foi muito sossegado e oxalá pudesse ser assim o resto da minha vida. 
Ah, claro: senti uma falta dolorosa, imensa, dos braços da minha mãe. Uma nostalgia por causa daqueles natais bem pobres, com os meus irmãos, juntos para o que desse e viesse. Uma dor fininha por sentir que nunca mais vamos voltar a estar todos juntos.
A coisa mais fora da caixa, for ter comido tremoços (pela primeira vez este ano) na semana das festas; foi nem sequer ter comido grande coisa de doçarias. Foi perceber que estou farta da minha decoração de Natal cá de casa e que num Natal muito próximo a mudança vai de fio a pavio. Foi a Maria ter ido ao Circo com o avô e voltar para casa traumatizada: um dia conto-lhe que sempre detestei Circo. Foi o meu Luís ter-me abraçado e tolerado 758 vezes o meu mau humor porque trabalho sete dias seguidos até ao novo ano e ando piurça por levantar o lombo da cama todos os dias às cinco horinhas da madrugada, com este frio, tão bom! Foi ver a minha filha dizer as horas a alguém na rua pela primeira vez na vida dela. Foram aqueles dias lindos lindos de céu azul e sol tremendo a encher-nos de boa vibe. Foi pagar mais de cinquenta euros por um simples pão de ló e um bolo rei! Para o ano vamos ao Lidl que acho mesmo que o mundo enlouqueceu. Foi ouvir a minha menina cantar canções de Natal no coro da Igreja, e no Hospital.
(...)
Ufa, chega, não vos conto mais.

Gosto tanto


Quem disse 2023? 
2024.

Doze dias depois do ultimo post

Continuo a sentir-me mal. E continuo a comer açucares. Ando com a desculpa típica dos que empurram com a barriga: "depois das festas".

Ando mais sensível; tenho visto uma data de coisas nos últimos dias que mexem tanto comigo que fico em modo compensação. E depois o Natal. Tudo em roda viva, um stress que nunca foi aconselhado pelo menino Jesus. A miúda doente, com uma virose que agora os médicos já nem precisam de estudar para dar nome às coisas. Relações fingidas que só nos cansam e envelhecem, na selva que é o mundo lá fora. Falta de tempo para levar uma lembrança de Natal a todos os que realmente gostaria de presentear. Nesta lista de desculpas para comer açucares importa dizer que tenho-me estado mais ou menos a borrifar para tudo, menos para a Maria e o Luís. Tenho dormido como um bicho que hiberna, eu e a baby enroscadinhas uma na outra até às 11h da manhã, sempre que podemos, sempre que nos apetece, que nestes dias tão frios é mais ou menos todos os dias.

Mesmo assim, já peso menos de 65kg (faltam 10!). E nem sequer é uma vitória mas já que tenho barriga vou mesmo aproveitá-la: "para o ano falamos sobre isso".

(...)

Dieta

Não me tenho sentido nada bem, em termos de saúde física. Não é por causa do Natal, é por causa de todos os outros dias em que cometo agressões alimentares a mim mesma, que começo hoje a fazer um esforço extra para simplificar cuidando um pouco mais de mim. Tenho um problema grave com os açúcares, são a minha droga. Preciso de assumir esta verdade antes que seja tarde demais. E preciso sobretudo de reeducar a Maria neste sentido, porque é bem verdade que os filhos são o espelho dos pais.

Mas é porque não quero morrer de repente, nem devagar. Não quero morrer tão cedo. Seria terrível fazer uma coisa dessas à Maria: perceber que não estou bem, e continuar.

Sobre o dia de ontem

Aos 45 ainda não aprendi que é vivendo mais a sério o nosso mundo interior que retiramos importância ao mundo cá fora, um mundo que às vezes nos parece fútil e de desimportância e que nos magoa. Ontem, dia do Imaculado Coração da Rainha, em vez de aproveitar a oportunidade da alegria de um dia só com Ela e com a minha filha - a minha maior benção, vivi o dia focada no que não tinha e em quem não estava. 

A vida às vezes é bem mais simples. Esta é uma das lições que quero levar comigo para 2024.

Quase Natal


Vamos distraídos, numa marcha cá dentro a atravessar muitos dias cinzentos e a encontrar com espanto algumas noites iluminadas. Gostaria de um dia conseguir sentir com certeza que estou à altura de todas as bênçãos e amor imenso com que Deus e a Mãe me presentearam.
Mas eu sou assim. De repente fico triste.
Hoje é dia da Mãe. Não há nada que pudesse ser mais importante do que aquilo que ganhei de presente: um dia inteiro na companhia da minha filha, e ela bem.
De resto é quase Natal, e eu só preciso de encontrar a magia dentro de mim.

Para ti Luís


Para te lembrar que cada domingo juntos que desperdiçamos, não volta mais.

Tão bom

Comove e transforma

Dezembro

Um mês de tanto Amor. Só é pena ser feito de tanta correria também.

Às vezes quero só ficar em modo slow e contrariar toda esta parafernália à minha volta. Mas não consigo. Horários de trabalho malucos, a dormir três horas entre um turno e outro. Uma miúda de três anos a escapar-me pelos dedos, rainha das birras e do eu quero posso e mando (sim, já sei: sou eu a culpada). Compras para fazer, pouco dinheiro para gastar e quase tempo nenhum (e paciência nenhuma também). Solicitações normais de amigos e eu sempre com a mesma conversa: não tenho tempo. Luís a viver num planeta e eu noutro (pode ser que a gente se encontre lá para o Natal). O não poder dar um abraço à minha mãe, que além de ser Natal é também o mês de aniversário dela.

Anyway consegui levar a Maria a ver a árvore de Natal gigante na baixa da cidade. Escusado será dizer que ela teria ficado a viver ali naquele momento até ao próximo Verão, pois claro. Assistimos os três a um concerto, o primeiro concerto dela, e dançamos e rimos a sério os três juntos. Comi finalmente castanhas quentinhas e senti aquela magia única de estar junto ao vendedor de castanhas numa noite muito fria e iluminada, já a cheirar tanto a Natal. Foi tão bom, queremos mais.

(...)