Nós mulheres, mães, que trabalhamos fora e dentro e que nos entretantos deixamos de saber o que é ter tempo para nós. Não falo de tempo para um tratamento estético, uma massagem ayurveda que eu adoro, uma ida ao cabeleireiro, uma tarde nas compras só para mim, um almoço com amigas. Falo de tempo para dormir, para tomar um banho mais demorado, para ficar tombada no sofá a ler. Com alguma frequência, conhecidas mães de crianças pequenas referem-me que não têm tempo nem para uma adequada higiene própria. E quando no trabalho a correria e a pressão são na mesma linha, quando na nossa vida de casal já não encontramos do outro lado pachorra para ouvirem as nossas constantes queixas lamurientas, quando já não encontramos compreensão e colo porque nos estamos a transformar numas gordas chatas de galocha, então STOP.
Foi assim, nesta linha vermelha, que aos dois anos da Maria decidi que as minhas folgas passam a ser para mim. Ela vai para o colégio e se tiver que ir buscá-la no final do dia, assim será. Algum desse tempo - uma parte ainda assim considerável - continua a ser para tratar da casa e de assuntos dela e do pai dela. Mas chega. A sensação de que tudo isto está a passar demasiado rápido, obriga-me a esta reflexão, a esta necessidade de viver melhor, a esta rejeição a resignar-me. Em relação a tudo o resto é este o modo que quero trabalhar daqui por diante. Slow em tudo. Começar a ter tempo para respirar outra vez, para parar e tirar uma fotografia que gosto tanto, para ouvir musica, para fazer uma caminhada no parque, para ir mais vezes até ao mar que eu amo e que me cura gratuitamente.
Tempo para mim, tempo de muitos nãos aos que em rodeiam.
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