Expressão da minha terra que significa coisas tão diferentes e opostas como repugnância, enfado, surpresa, alegria, alivio, espanto. Expressão que me lembra a minha avó e me une à minha África-berço que não conheço. Uma palavra inteligente, que obriga a interpretar por inteiro a frase, incluindo a entoação e o sorriso ou a interrogação que dela fazem parte.
Sobre a nossa insignificância e finitude
E de maneiras que é assim
O nosso Guterres
As árvores, os jardins
A mudança começa sempre em nós
Nós mulheres, mães, que trabalhamos fora e dentro e que nos entretantos deixamos de saber o que é ter tempo para nós. Não falo de tempo para um tratamento estético, uma massagem ayurveda que eu adoro, uma ida ao cabeleireiro, uma tarde nas compras só para mim, um almoço com amigas. Falo de tempo para dormir, para tomar um banho mais demorado, para ficar tombada no sofá a ler. Com alguma frequência, conhecidas mães de crianças pequenas referem-me que não têm tempo nem para uma adequada higiene própria. E quando no trabalho a correria e a pressão são na mesma linha, quando na nossa vida de casal já não encontramos do outro lado pachorra para ouvirem as nossas constantes queixas lamurientas, quando já não encontramos compreensão e colo porque nos estamos a transformar numas gordas chatas de galocha, então STOP.
Foi assim, nesta linha vermelha, que aos dois anos da Maria decidi que as minhas folgas passam a ser para mim. Ela vai para o colégio e se tiver que ir buscá-la no final do dia, assim será. Algum desse tempo - uma parte ainda assim considerável - continua a ser para tratar da casa e de assuntos dela e do pai dela. Mas chega. A sensação de que tudo isto está a passar demasiado rápido, obriga-me a esta reflexão, a esta necessidade de viver melhor, a esta rejeição a resignar-me. Em relação a tudo o resto é este o modo que quero trabalhar daqui por diante. Slow em tudo. Começar a ter tempo para respirar outra vez, para parar e tirar uma fotografia que gosto tanto, para ouvir musica, para fazer uma caminhada no parque, para ir mais vezes até ao mar que eu amo e que me cura gratuitamente.
Tempo para mim, tempo de muitos nãos aos que em rodeiam.
Saudades de voar
É isso
Tenho tentado manter-me à tona. Tenho procurado não perder a confiança em mim mesma, acima de tudo. Nem sempre é fácil lidar com aquele instante em que percebemos claramente que os nossos problemas são afinal só nossos.
Sou eu quem tem que resolver. E vou resolver.
Da Sofia, do às nove no meu blog
#1. somos capazes de fazer muitas coisas, mas não somos capazes de fazer todas as coisas. carregar o mundo às costas e querer agradar a todos é como rezar sem fé: não vale o esforço.
Sobre as adversidades da vida
Paradoxos
Jamais a inteligência deveria servir a maldade. Homens e mulheres ruins são comummente, de forma chocante, invulgarmente inteligentes.
Kiev
Oxalá estejas vivo. E que nada te tenha feito matar, á força de sobreviver. Pela natureza que te conheci, se tiver acontecido, morrerás na mesma, de tristeza.
(...)
Sobre a pior doença do século
Ingratidão.
Os Homens vão deixando de ser bons uns com os outros, sempre pelas mesmas razões: dinheiro. E já não importa o bem que se fez, ou quem fomos juntos um dia.
Do que eu tenho saudades
Da minha mãe. Porque nenhum colo é igual ao dela.
Das minhas mãos bonitas. Parece que foi numa outra vida.
Da minha ilha. Das montanhas. Do vento lá. Do mar.
De dias grandes de praia. Da pele bronzeada.
De fazer asneiras com o meu amor.
(...)
A coisa mais bonita deste Abril
Os gatos bebés a correr lá em baixo no campo do vizinho, numa vadiez e alegria que comove.
A minha filha
É a força de uma falha tectónica grave no seio deste lar. Ela é mais do que o esforço levado ao limite num ginásio de bairro. Tem energia e alegria, é exigente, a rainha das birras, a que nunca cede a chantagens, a que muitas vezes nos cansa até cedermos. Quando o pai chega a casa no fim do dia, faz com que ele corra atrás dela, se quer ganhar-lhe um beijo. Faz-nos sentir o peso da idade, ao mesmo tempo que nos faz perceber que ela é o melhor fruto da nossa maturidade. Quando abraça, cura. É sensível e inteligente. Já brinca com as bonecas às profissões; um dia vou contar-lhes que a primeira imitação que fez, foi de professora.
Esta semana quando saíamos do colégio, sobre o senhor porteiro de quem ela gosta tanto, disse-me numa entoação de quem sabia exactamente o que estava a dizer:
Mamã sabes, o senhor Nuno é um tesouro...
Tesouro. Todos os dias aparece com palavras novas, mas aquela encheu-me o coração.
A mesma que é doce também é rebelde: Rasga os livros. Parte loiça. Desaparece com os pins do frigorifico. Risca as paredes. Adora brincar com bolas. Tem pavor a moscas.
Todos os dias me faz perceber que eu não tive uma princesa, mas sim uma Rainha.
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E de repente chuva a sério
A nossa AR
Incomoda-me cada vez mais a visceralidade expressa no comportamento humano. A Paz nos Homens é uma coisa que vem de dentro. E dito isto, acho que temos imensa sorte por ter um António Costa na frente do barco.
Nunca me esqueço da frase que a Dores me escreveu no dia em que decidi fazer uma pausa na minha carreira enquanto Psicóloga - sem saber que era afinal o fim:
Mentes grandiosas sempre encontrarão oposição violenta de mentes medíocres.
(...)