Desde miúda sempre gostei do cheiro a novo, nos sapatos, nos livros, nos amanheceres, nos anos. Estamos todos tão precisados de Esperança, que é bom termos um motivo para renovar expectativas com Fé. Apesar das circunstâncias, fazê-lo com alguma alegria no coração. Uma alegria serena, sem euforias, mas ainda assim uma alegria. Espero ter saúde e foco para cumprir algumas coisas que não ficaram feitas em 2021, e sobretudo desejo que se abram novas portas.
Inauguramos-te com temperaturas anormais para esta época, e não, não gosto de dias de primavera a acontecerem nos dias que se supõe que deveriam ser os mais frios do ano. Está a acontecer tudo muito rápido, desde que me lembro de surgirem os primeiros alertas sobre o cambio climático. Cá em casa as orquídeas domésticas e a selvagem, estão cheias de brotos para rebentar flor. Numa destas madrugadas fiquei acordada a ouvir os pássaros eufóricos lá fora nas árvores. Assustador.
Ainda mal nasceste e parece que já temos a palavra do ano: endemia. Acho engraçado a facilidade como tantos analistas falam dos acontecimentos - ainda chocantes para mim - em que estamos mergulhados desde 2020. Palavras de moda que pululam na boca de governantes, que permitem que pessoas idosas estejam quatro horas de pé numa fila para tomar uma vacina agendada. Que permitem que uma mãe de oitenta anos esteja horas de pé numa fila ao frio, para ir fazer um teste cada vez que vai visitar o filho doente terminal no segundo hospital referência da cidade. Que permitem que um doente grave espere oito horas numa urgência hospitalar para ser atendido. Ando um bocado magoada com o evoluir de toda esta carneirada em que também eu estou metida. Mau sabor de boca. Desconfiança. Descrença.
(...)
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