Sobre os milagres, sobre a sorte, sobre Deus, sobre a falta de ar e a falta de chão, sobre nada ser nosso, sobre rirmos e chorarmos na mesma hora, sobre o que e quem de verdade importa, sobre aquelas pessoas nossas que sem saberem nos procuram naquela hora de aflição, sobre o Amor, sobre a falta de sono, sobre gastar a bateria até ao fim, sobre precisarmos sempre uns dos outros, sobre a excelência e a Humanização exponenciada ao máximo no nosso Serviço Nacional de Saúde, sobre tempo sozinha com a minha filha, sobre sentir o cheiro e o calor dela em modo slow, sobre a alegria de dois girassóis.
A Maria esteve internada três dias. Meningite. Custou-me horrores que ela fizesse uma punção lombar. Tão pequenina: agulhas nos braços, nas mãos, nas costas, que me doíam horrivelmente no coração.
Foram momentos difíceis mas passou. Nem sei explicar mas hoje quando tivemos alta, senti que saí do Hospital uma pessoa diferente. Ás vezes o pavor, as lágrimas, despertam-nos para a vida. Tive todas as pessoas ao meu lado, as com quem contava e as com quem nem contava. E a Maria portou-se lindamente; temos uma menina brava a sério.
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