Tristeza e vergonha
De um dia saberes que aos 44, em contexto de trabalho a tua mãe foi vitima de violência verbal com conteúdo ameaçador, bem como racismo declarado. Existe tanta ignorância profunda no nosso mundo filha; ainda me sinto chocada. Cheguei a casa às 3h da madrugada, levantei-me às 7h para te ir levar ao Colégio e só depois, sozinha no meu regresso a casa, chorei.
Hoje só queria o colo da minha mãe.
Chama-se tapar o sol com a peneira
Vivemos juntos há tanto tempo, e tu ainda não sabes que o pequeno almoço é a refeição mais importante do dia para mim.
(...)
Verdade verdadinha
Gostava tanto de ir ver os Coldplay. Além da qualidade musical e espetacular do grupo, uma forma extraordinária e emocionalmente inteligente de interagir com o publico, que só apetece testemunhar. Achei maravilhoso ter cantado em português, e logo a balada da despedida.
Caprichos bons. Talvez numa outra encarnação.
Os ultimos dias
Tem sido vividos sem grande tempo para parar. No entanto, pelo meio dos tão contraproducentes e nocivos relógios apressados das nossas vidas tolas - acredito que é assim que tudo parecerá visto de lá de cima, de longe ou de algures - houve tempo para uma manhã de piscina e bons abraços apertados a três debaixo de água, houve tempo para assistir a um funeral onde o discurso de uma neta me comoveu profundamente, houve tempo para perceber que um colega de trabalho não estava bem o que se confirmou com um enfarte do miocárdio poucas horas depois, houve tempo para perceber que tudo aquilo que vivi no passado é o que agora perante cenários intensos me faz ser mais calma e ponderada.
De resto precisava de dormir dois dias inteiros! E que o Verão do meu contentamento chegasse de uma vez: sem aqueles terríveis dias ventosos que temos tido, sem aqueles golpes duros de tardes de sol doentio que eu abomino. Até o tempo parece stressado, sei lá. É sempre tudo too much e eu nunca gostei de extremos. Mas entretanto já comemos cerejas e gelados e está tudo de saudinha: nada a reclamar portanto.
O Rei vai nú
Nem com todo o ouro do mundo, um homem ou mulher garantem a sua educação ou saber estar. Se for verdade, acho de muito mau tom a nova Rainha ter recorrido ao estilista de confiança da antiga esposa do Rei.
Foi isso e aquela carroça toda dourada.
Flash
Datas
O 25 de Abril, o dia da Mãe.
Não vim cá escrever, nestes que são dias que têm especial significado. De resto são dias que devem estar presentes no nosso dia-a-dia, e eu já escrevo muitas vezes sobre estas datas, fora do calendário.
Nos corredores do Hospital um dos aspectos que me impactou foi a forma desligada e até com certo humor com que diferentes elementos de distintas equipas de trabalho vivenciam os dias ali dentro. Uma espécie de defesa compreensível, que algumas vezes roça algo a que não sei que nome dar mas que não é bonito. Primeiro ria com eles, como faz qualquer principiante para se enturmar. Mas com o passar dos dias percebi que aquilo não fazia parte da minha natureza, nem eu quero nem tenho necessidade que faça. Pelo que encontrei a minha forma pessoal de estar: em silêncio quando vou pelos corredores, vou rezando uma Ave-Maria e um Pai-Nosso pelo alivio das dores e sofrimento alheio.
Há mesmo muito e sério sofrimento ali dentro. Silêncio e oração não devem ser demais.
(...)
Da surpreendente Vida
É quando me movo, quando vivo uma nova rotina em que nem sempre as horas chegam para tudo o que gostaria de fazer, que me sinto mais feliz e mais calma. A família núcleo duro tem colaborado nos horários difíceis e acho que estamos mais unidos ainda.
Não é o emprego dos meus sonhos, mas é uma nova experiência. Um desafio. Conhecer novas histórias de vida, adaptar-me e testar a minha resiliência. E saber que sou capaz.
No inicio desgastei-me um pouco a tentar remar contra a maré. Mas é precisamente isso que eu vim reaprender ali: a fluir.
Para já está a valer a pena. Um dia de cada vez.